Em São José dos Campos (SP), trabalhadores da construção civil iniciam greve por melhores salários e condições de trabalho na refinaria RevapNo último dia 16, milhares de operários da construção civil bloquearam a rodovia Dutra, em São José dos Campos (SP). Era o começo da greve dos trabalhadores terceirizados da refinaria Revap, da Petrobras, fruto de uma verdadeira rebelião de bases. Os operários são contratados por um consórcio formado por várias empreiteiras que fazem as obras de modernização da refinaria. São cerca de 12 mil trabalhadores envolvidos nas obras.

A policia militar e rodoviária foram ao local desobstruir a pista, mas diante de tanta gente não foram capazes de agir. A greve explodiu devido à indignação dos trabalhadores contra os baixos salários, as péssimas condições de trabalho e passou por cima do próprio do sindicato da categoria, ligada à CUT. A direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São José dos Campos e litoral, além de apresentar uma pauta rebaixada de reivindicação, se recusou a declarar greve apesar da categoria já estar em estado de greve e as empresas não terem respondido às reivindicações.

“A categoria havia dado 72 horas de prazo para as empresas responderem aos trabalhadores, prazo que terminava no dia 16, mas o sindicato de última hora cancelou a assembléia”, afirma Antônio Zeferino, o Macumba, um dos dirigentes do movimento. Os trabalhadores então, com a oposição à direção do sindicato à frente e o apoio da Conlutas, realizaram por conta própria a assembléia e declararam greve por tempo indeterminado.

Greve radicalizada
“Fomos panfletar na frente da Revap no dia 16, chamando os trabalhadores para a campanha salarial e os próprios trabalhadores decidiram paralisar naquele dia mesmo”, conta Macumba. A revolta dos trabalhadores contra o sindicato, a CUT e os patrões era muito grande. “Chegaram a arrancar a camisa da CUT de um companheiro e rasgar ela na assembléia, uma cena que eu nunca tinha visto”, conta José Donizete de Almeida, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e da Conlutas, que vem prestando apoio ao movimento desde o início da campanha salarial.

Apesar de os operários terem reivindicado a liderança da Conlutas, que tem prestado todo apoio do movimento, os próprios trabalhadores da construção civil é quem decide os rumos do movimento. “Nossa linha é a democracia operária em sua plenitude, quem decide o rumo do movimento são os trabalhadores”, afirma Donizete.

No dia 19, segunda-feira, cerca de 10 mil trabalhadores realizou nova assembléia, que reafirmou a greve. Os trabalhadores também aprovaram uma Comissão de Trabalhadores para negociar com os patrões, ao invés do sindicato. A comissão é composta por trabalhadores da obra, do Sindicato dos Metalúrgicos e do Sindicato dos Petroleiros. Os trabalhadores reivindicam, entre outras coisas, 20% de aumento real, piso salarial e redução da jornada para 40 horas semanais.

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