Depois do assassinato do cacique João Araújo Guajajara, morto no último dia 21, outras 10 lideranças Guajajara ainda fazem parte de uma lista de jurados de morte pelo mesmo grupo que assassinou Araújo.

Participaram da violenta ação contra o povo Guajajara 10 homens fortemente armados. No entanto, somente Milton Alves, conhecido como Milton Careca, está preso. Durante a invasão à aldeia, casas foram queimadas, o indígena Wilson Araújo foi ferido com um tiro na cabeça e D.S., uma jovem de 16 anos, foi estuprada. Ambas as vítimas são filhos do cacique João Araújo.

O clima permanece tenso na região. Além das lideranças Guajara, missionárias do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também foram perseguidas e ameaçadas pelos homens que atentaram contra a vida dos indígenas. Eles continuam livres.

Diversas pastorais sociais das Igreja Católica, movimentos sociais e defensores dos direitos humanos estarão reunidos a partir de hoje na cidade de Imperatriz para participar da 4ª Semana Social da CNBB. Amanhã, bispos irão posicionar-se contra a violência que os povos indígenas vêm sofrendo em todo estado do Maranhão. Para o evento está confirmada a presença do Bispo de Balsas (MA) e presidente do Cimi, Dom Franco Masserdotti.

Os motivos das ameaças
A violência é utilizada por grupos que exploram de forma irregular carvão, eucalipto e soja nas terras Cana Brava e Bacurizinho, do povo Guajajara, no município de Grajaú.

As ameaças têm o intuito de forçar os indígenas a desistirem do processo de revisão dos limites da área, que foi homologada na década de 1980, mas deixou cerca de 62 mil hectares de terra indígena fora da homologação.

O território dos Guajajara em Grajaú é dividido em duas terras (Cana Brava e Bacurizinho), separadas por uma estrada, a BR 226. Com a construção da rodovia, a terra indígena Cana Brava sofreu forte impacto social, o que levou à prostituição e aumentou os índices de violência na terra.