Administração do Estado capitalista é a chave para entender as razões que levaram os dirigentes do PT a se envolverem com a corrupção

Durante muitos anos, antes de chegar ao poder, o PT tinha como eixo a “ética na política”. Hoje, a cartilha de comemoração dos dez anos nem cita esse tema. Depois dos escândalos do mensalão, mesmo seus apoiadores sabem que o PT é igual a tudo isso que está aí.

Escândalos de corrupçãoem série
Ao chegar ao poder, o PT adotou o mesmo clientelismo e relações promíscuas com os grandes partidos e com as empresas e bancos. O governo Dilma também não fugiu à regra. É o que mostra o troca-troca de ministros em seu primeiro ano de mandato em virtude de denúncias de irregularidades. Foram sete ministros demitidos em menos de 14 meses de gestão. Tudo isso sem falar dos vários órgãos federais envolvidos em irregularidades, como os Correios e o setor de transportes, e denúncias envolvendo assessores diretos da Presidência da República, como Rosemary Noronha e Erenice Guerra.

Uma “faxina ética”
A imagem de que o governo realizou uma faxina ética está bem distante da realidade. A faxina foi a saída encontrada para tentar evitar um estrago maior. É uma política de preservação de Dilma que se reproduz a cada escândalo. Quando se descobre o roubo de um de seus ministros, Dilma tenta defendê-lo na medida do possível. Quando percebe que pode sair desgastada do escândalo público, força a saída do ministro. No entanto, o PT segue governando com o PMDB, o maior de todos os partidos corruptos do país, que tem em sua direção José Sarney, Renan Calheiros e Jader Barbalho.

Corrupção e capitalismo andam de mãos dadas
A resposta para entender por que o governo do  PT é tão corrupto quanto o do PSDB está na relação do partido com o Estado. O PT fez uma opção política: administrar esse Estado e fazer parte de tudo que está aí. O resultado não poderia ser diferente.
O capitalismo ampliou e sofisticou a máquina burocrática do Estado. A alta burocracia é a representante direta do interesse geral dos patrões que usam todas as armas que dispoem para manter e ampliar seus negócios. Assim a corrupção do governante que administra os negócios do Estado é parte carnal do sistema. É o resultado de um sistema em que o contrato ganho por uma empresa significa o prejuízo de outra.
Ao longo de sua história, o PT dizia que acabaria com a corrupção. Bastaria votar no partido que o sistema mudaria. Quem mudou, porém, não foi o sistema, mas o PT. Seus dirigentes tomaram a frente dos mais altos cargos do Estado e mudaram de vida. Começaram a ter privilégios, ganhar altos salários e a se relacionar com grandes empresários, ávidos em abocanhar contratos com o Estado. Na prática, os dirigentes do partido estavam adotando o modo de vida típico dos patrões e dos altos funcionários do Estado capitalista. Daí para a corrupção, foi um pulo.
Hoje, muitos dirigentes do partido prestam consultoria a grandes empresas. Na verdade, usam sua influência política junto ao Estado para que os grandes capitalistas possam lucrar com contratos milionários, obtidos em licitações fraudulentas. Um grande exemplo disso é o ex-ministro José Dirceu, que hoje é parte da burguesia. É um representante de bilionários, como empresário mexicano Ricardo Salinas, junto a governos como o Brasil e Venezuela.

O vale-tudo das eleições
A política eleitoralista do PT também levou o partido à corrupção. A lógica de eleger e reeleger a cada eleição um maior número de parlamentares, prefeitos, governadores etc. fez com que o partido jogasse as regras do jogo.  Nas eleições ,são as empresas privadas que financiam a campanha eleitoral dos grandes partidos. Empresas e bancos como Odebrecht, CSN, Itaú, Bradesco, entre outros, elegem suas bancadas, Na sequência, empresários, banqueiros e latifundiários cobram a fatura e exigem contratos com a administração pública em troca de novos financiamentos de campanha. É desse jeito que os direitos dos trabalhadores são negociados e leis em favor dos ricos são aprovadas. Essas são as regras do jogo da democracia burguesa, na verdade uma democracia para os ricos e corruptos e uma ditadura para os trabalhadores.

Um novo projeto é preciso
Em Belém, estamos travando na Câmara de Vereadores uma guerra para acabar com todos os privilégios dos políticos, a começar pelos seus salários. Os políticos devem receber um salário médio de um trabalhador comum e seus mandatos devem ser revogáveis, ou seja, que a população possa tirar a qualquer momento os que ocupam os cargos públicos. Quem não cumpre suas promessas e se envolve em escândalos de corrupção poderá ser afastado. Quanto aos corruptos e corruptores, é preciso exigir prisão e confisco dos seus bens.
Esse é programa do PSTU para enfrentar a corrupção. Mas sabemos que as grandes transformações de que o país necessita só poderão ser realizadas com organização e a luta dos trabalhadores. Esse é o caminho da verdadeira mudança.

Post author Cleber Rabelo, vereador pelo PSTU de Belém (PA)
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