Zé Maria é entrevistado pelo Jornal O Povo do Ceará

“Momento é favorável às mudanças radicais”, afirma Zé Maria, do PSTU

Em sua quarta disputa presidencial, José Maria de Almeida (PSTU) apresenta sua pré-candidatura como uma expressão das manifestações que tomaram conta do País desde o ano passado. Nessa entrevista feita durante visita ao O POVO, ele faz propostas de transformação do sistema político e econômico, critica os “black blocs”, avalia o atual cenário de greves e fala sobre a aliança com o Psol no Ceará.

O POVO – Quais propostas o PSTU apresenta para estas eleições?
Zé Maria – O PSTU quer apresentar para o País um projeto que permita o atendimento das reivindicações fundamentais que o povo brasileiro tem apresentado nesse último período do nosso País. De junho de 2013 para cá o País segue crescendo, com um PIB que chega quase a R$ 5 trilhões. No entanto, nenhuma das demandas da população foi atendida, seja pelo governo federal, pelos governos estaduais ou municipais. Defendemos que é preciso parar de pagar a dívida externa e a dívida interna. É preciso também acabar com o processo de privatização e reestatizar aquilo que é essencial para construir um projeto de País, como o setor petrolífero, de mineração, de siderurgia e de telecomunicações. Não acreditamos que uma mudança dessa envergadura venha só pelo processo eleitoral. A candidatura do PSTU será, nessas eleições, uma expressão dessas lutas e desses anseios por mudança que crescem a cada dia no país. 

OP – O PSTU avalia que há uma conjuntura favorável a essas propostas mais radicais?
Zé Maria – Eu acredito que uma parcela cada vez maior da população está percebendo que são necessárias mudanças radicais no País. Há um descontentamento e disposição de luta cada vez maiores. O povo normalmente busca a solução dos seus problemas na via do menor conflito. As pessoas não buscam o conflito. Qual é o problema agora? A população está percebendo que não é possível resolver os seus problemas se não acabar com os privilégios dos bancos, do agronegócio, das grandes empresas. O povo brasileiro trabalha a vida inteira para enriquecer meia dúzia de banqueiros. 

OP – Qual a visão do partido em relação aos black blocs?
Zé Maria – Desde junho de 2013 nós temos polemizado publicamente com eles. Essa é uma tática política que não ajuda as mobilizações, mas as prejudica. É uma forma de luta que se separa dos trabalhadores e assume a tarefa de enfrentar o Estado no lugar deles. Isso acaba servindo ao aparelho de repressão e a setores da mídia que transformam a quebradeira de vidraças na luta da massa que está na rua.

OP – Após as manifestações de junho vem sendo discutida a possibilidade de uma reforma política. O PSTU defende uma reforma política?
Zé Maria – O nosso sistema político é completamente controlado pelo poder econômico. A primeira coisa que devemos fazer é proibir o financiamento privado.

É preciso também existir um sistema que preveja a revogação do mandato do representante eleito. Outro ponto é que o eleito não pode simplesmente melhorar de vida porque virou representante. Ele deve ganhar o mesmo salário que ganhava antes no seu emprego ou então o salário médio que se paga ao trabalhador do país.

OP – Neste ano estão acontecendo greves que, em muitos casos, são realizadas pelas bases contra a vontade das cúpulas dos sindicatos. Como o PSTU avalia este processo?
Zé Maria – Vemos de maneira muito positiva o que vem acontecendo. No final da década de 70 e início de 80 foi esse processo de rebelião das bases que nos permitiu mudar a cara do movimento sindical e da estrutura partidária brasileira. O Brasil está vivendo um novo momento em que o descontentamento da população com a sua vida se expressa no repúdio a essas direções sindicais que estão no “bolso” do governo e dos empresários. É isso o que ocorre na maioria dos sindicatos do País. Essa rebelião tende a crescer e os sindicatos que estão atrelados ao governo e às empresas serão atropelados neste processo.

OP – O PSTU pretende se aliar com o Psol e o PCB no Ceará?
Zé Maria – Nós realizamos um processo de debate entre os três partidos, que resultou na constituição de uma frente de esquerda que terá como candidato ao Governo do Estado o Ailton Lopes (Psol); ao Senado o Valdir Pereira (PSTU), e o candidato a vice-governador ainda será definido pelo PCB. A nível nacional concluímos que não havia condições de fazer uma aliança com o Psol, porque não havia base programática mínima com a candidatura de Randolfe Rodrigues (senador pelo Amapá que deverá disputar a Presidência da República).

*Entrevista publicada no Jornal O Povo no dia 5 de junho de 2014

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