Suposto “desenvolvimentismo” do PT é, na verdade, uma faceta do neoliberalismo e não sua negação.

Segundo a cartilha, os governos do PT enterraram o neoliberalismo, impondo uma política oposta: o “desenvolvimentismo”.  Os governos neoliberais do PSDB eram subordinados aos “grandes detentores de riqueza financeira” que governavam para uma “reduzida parcela privilegiada”.
Já os governos petistas desenvolvimentistas têm “um novo projeto de desenvolvimento mundial… em torno da inclusão social que se transforma na mola propulsora de inédita base para o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável”.
O PT está assumindo com clareza a ideologia burguesa do “desenvolvimentismo”, que se soma ao “governar para todos” e ao “não lutem, votem”. Qualquer referência socialista desaparece. O objetivo estratégico é o “desenvolvimento” do país.
O suposto “desenvolvimentismo” do PT é, na verdade, uma faceta do neoliberalismo e não sua negação. Os planos neoliberais se apoiam nas privatizações, no ajuste fiscal para obter superávits, nos pagamentos das dívidas, na abertura para as importações e na desregulamentação da economia. O Consenso de Washington, que formulou essa política, recomendou que fossem aplicadas políticas sociais compensatórias para atenuar as consequências sociais desses planos.
A combinação dos planos neoliberais com políticas sociais compensatórias é o que o PT chama de “novo desenvolvimentismo”. Um plano que está sendo aplicado nos países da América Latina, tanto por governos ditos “de esquerda” quanto de direita.
Os programas econômicos são semelhantes em todos esses países, mas as políticas sociais compensatórias variam.  Existem na Venezuela (as “misiones”), Bolívia, Argentina, Uruguai, México, Costa Rica, República Dominicana  e Colômbia.
No Brasil, a manutenção do plano neoliberal de FHC, com o Bolsa Família, foi saudada pelo Banco Mundial e o FMI. Segundo Vinod Thomas, diretor do Banco Mundial em 2003, o “pós-Consenso de Washington é a junção da aplicação da ortodoxia econômica – disciplina fiscal e monetária – com a adoção de programas sociais”.
O “desenvolvimentismo” do PT é a nova cara do neoliberalismo. O PSTU continua defendendo que é preciso mudar o mundo. O sonho socialista que animou uma geração de ativistas no passado, hoje, amadureceu para um conteúdo revolucionário. É necessária uma revolução socialista para mudar o mundo. Esses sonhos não envelhecem.
 

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