O Departamento de Trabalho do governo dos Estados Unidos anunciou, em 4 de setembro, o resultado da pesquisa sobre o desemprego em agosto: a taxa de desemprego do setor urbano aumentou para 9,7% contra 9,4% em julho. Se aos desempregados forem somados aqueles que têm subempregos, a taxa sobe para 16,8% e seria ainda maior se fossem computados os 2,3 milhões de trabalhadores que desistiram de procurar emprego nas quatro semanas prévias à pesquisa e não entram na estatística.

Segundo os dados fornecidos pelas empresas, ocorreu um aumento de 216 mil cortes de empregos no mês, perfazendo um total de 6,9 milhões desde dezembro de 2007, data considerada como o início da recessão atual. O setor de manufatura cortou 63 mil postos de trabalho e o da construção civil 65 mil em agosto. Aos estatísticos do Departamento de Trabalho resta o consolo de que houve uma redução em relação a julho, quando houve 276 mil cortes de empregos.

Mas os números são ainda piores se somarmos os cortes de postos aos 73 mil jovens que entraram no mercado de trabalho e desempregados não computados no mês anterior. Em agosto, o número de pessoas desempregadas aumentou em 466 mil, levando a um total de 14,9 milhões nos Estados Unidos. Os números do período recessivo são assustadores: em 21 meses o número de desempregados ficou 7,4 milhões maior, a metade do total, e é responsável por 4,8% do desemprego atual. Em 2001, a taxa de desemprego demorou 30 meses, a partir de janeiro daquele ano, para subir 2,1% e alcançar um pico de 6,3%.

Os que mais sofrem são os jovens, que sequer conseguem seu primeiro emprego, com uma taxa de desemprego de 25,5% e um aumento de 1,7% em relação ao mês anterior. Em segundo lugar, estão os negros, com 15,1% e um aumento de 0,6%, seguidos pelos latino-americanos, com 13% e 0,7%. Em todos os segmentos pesquisados houve aumento do desemprego. Os brancos passaram de 8,6% em julho para 8,9%; os homens adultos de 9,8% para 10,1% e as mulheres adultas de 7,5% para 7,6%.

Governos reavaliam a situação econômica
Os economistas têm hoje uma opinião bem diferente da de poucas semanas atrás, quando afirmavam que o pior já passou, baseados numa leve redução da taxa de 0,1% entre junho e julho. Segundo Heidi Shierholz, do Instituto de Política Econômica em Washington, “todo mundo pergunta de onde vem a recuperação robusta, mas ninguém acha. Nós teremos desemprego elevado pelos próximos quatro anos”.

O problema é que o desempenho econômico atual era comparado aos meses de pânico, quando o banco de investimentos Lehman Brothers faliu, e não a períodos anteriores de estabilidade. Como disse Dean Baker, diretor do Centro de Pesquisa Política e Econômica, após a divulgação do Departamento do Trabalho, “é uma bela imagem se comparada a onde nós estávamos, que era exatamente uma queda livre, mas comparada a qualquer outra coisa é um relatório horrível. A taxa de declínio está mais lenta, mas não vai parar. Estamos a caminho de uma taxa de desemprego maior que 10%”.

É por isso que os jornais do dia seguinte à divulgação das estatísticas de agosto estamparam declarações dos governos dos chamados países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China – e dos EUA de que a crise ainda não terminou e decidiram manter os pacotes de ajuda econômica. Mas estes, se conseguem amenizar a crise, não são capazes de reduzir o desemprego.

Um exemplo claro é a fábrica de ônibus elétricos híbridos New Flyer, beneficiada com a ajuda de parte dos US$ 8,7 bilhões para os meios de transportes de massa e considerada pelo vice-presidente Joseph Biden Jr. “um modelo do futuro”. Quatro meses depois, a fábrica demitiu 320 operários, ou 13% de sua força de trabalho, reduzindo sua produção mensal de 50 para 36 ônibus devido ao corte de uma encomenda de 140 ônibus pela cidade de Chicago.

No entanto, a empresa anunciou que ainda tinha um grande número de encomendas da Califórnia, Milwaukee, Philadelphia e Rochester, mas que não podia remanejar sua produção para manter os empregos. Como se vê, os pacotes são utilizados para ajudar a burguesia a pagar as dívidas contraídas durante a fase de especulação da economia, enquanto tenta sair da crise através da superexploração da classe trabalhadora e mantém falsas expectativas acerca da recuperação para mantê-la adormecida.

Taxa mensal de desemprego nos Estados Unidos, de janeiro de 1999 a agosto de 2009.