Carteiras de trabalho de candidatos a vagas de emprego tempor‡rio oferecidas pela Metalœrgica Aliana, em uma mesa do departamento pessoal da empresa.
Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

A taxa de desemprego alcançou o seu pico histórico no trimestre encerrado em julho de 2020: 13,8%. Esse é pior patamar de desemprego desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a realizar a PNAD Contínua, em 2012.

Em apenas três meses – maio, junho e julho – mais de 7 milhões de pessoas perderam o emprego no Brasil. Falta trabalho para 33 milhões de pessoas, somados todos os subutilizados. Cerca de 75 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho, isto é, são pessoas que não estavam trabalhando nem procuravam emprego quando a pesquisa foi realizada.

O aumento do desemprego é consequência da pandemia e da falta de política do governo Bolsonaro para proteção dos empregos. O Programa Emergencial de Suporte a Empregos, instituído por uma série de medidas provisórias – como a MP 944 e a MP 936 –, transferiu recursos e subsídios públicos aos grandes empresários, permitindo a suspensão de contratos ou a redução da jornada com redução de salários. O governo dizia que isso garantiria os empregos. Tudo mentira. O desemprego só aumenta.

É preciso lutar contra essa catástrofe social, barrar a política de Bolsonaro, Mourão e Guedes a favor dos patrões. Para garantir empregos, temos de exigir a redução da jornada de trabalho sem a redução do salário. O governo tem de decretar a estabilidade no emprego, impedindo que empresas que recebem benefícios e subsídios estatais demitam. Aquelas que demitirem devem ser estatizadas.

NO MAPA DA FOME

Fome e aumento do preço dos alimentos e da desigualdade social

Junto com o aumento do desemprego, tem crescido a desigualdade social e mais pessoas estão passando fome no Brasil. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a estimativa é de que, no Brasil, cerca de 5,4 milhões de pessoas passem para a extrema pobreza em razão da pandemia. O total chegaria a quase 14,7 milhões até o fim de 2020, ou 7% da população, segundo estudos do Banco Mundial.

Em meio a esse cenário, estamos assistindo a uma escalada dos preços dos alimentos, que já vinham aumentando antes da pandemia. O preço do arroz praticamente dobrou desde o ano passado, indo de R$ 15 em média o pacote de cinco quilos para até R$ 40 em alguns supermercados. Outros produtos da cesta básica também tiveram aumento, como o feijão preto e a carne, que subiram 30% e 40% no último ano respectivamente.

Enquanto em nosso país 7 milhões de pessoas ficaram desempregadas no último trimestre e outras 5,4 milhões pessoas entraram para a linha da extrema pobreza, os ricos ficaram mais ricos na pandemia. O patrimônio dos 42 bilionários brasileiros cresceu US$ 44 bilhões, revelou um estudo da ONG Oxfam.

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Taxar as fortunas dos bilionários

Na reunião da ONU, Bolsonaro teve a cara de pau de dizer que o Brasil está pagando até US$ 1.000 de auxílio emergencial. Ele era contra a aprovação dos R$ 600 do auxilio, queria dar uma ajuda de R$ 200. Depois, começou a fazer campanha como se o auxílio emergencial fosse uma medida do seu governo.

Agora, o que era pouco foi cortado pela metade. Bolsonaro reduziu o auxílio para R$ 300 e será pago somente até dezembro. É preciso manter o auxílio de R$ 600, que já é insuficiente para garantir a sobrevivência dos desempregados e informais, até que a pandemia passe.

Bolsonaro diz que não tem dinheiro para manter o auxílio. Isso é mais uma de suas mentiras. O que Bolsonaro não quer é tirar dos ricos para dar aos pobres. Se o governo taxar os bilionários, teremos dinheiro para garantir o auxílio emergencial. Os 42 bilionários brasileiros acumularam uma fortuna de R$ 812 bilhões de março a julho. Se essa fortuna for taxada em 40%, teremos R$ 325 bilhões para manter o auxílio. Esse valor é superior aos R$ 254 bilhões que o governo vai gastar com o auxilio emergencial.

Renda Cidadã é o novo engodo

Para seguir com suas mentiras, Bolsonaro fala em criar o projeto Renda Cidadã, que atenderá 10 milhões de pessoas e mais as 14 milhões de famílias que hoje são beneficiadas pelo Bolsa Família. Ou seja, dos 66 milhões que são beneficiados pelo auxilio emergencial, 56 milhões ficarão sem nenhum tipo de auxílio do governo federal depois de dezembro.

Para implementar o Renda Cidadã, o governo fala em cortes nas áreas sociais, inclusive em utilizar o dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que atende toda a educação básica. Também já falou em retirada de direitos dos servidores públicos por meio da reforma administrativa e de privatizações de empresas públicas, como os Correios. A lógica de Bolsonaro e de sua equipe econômica ultraliberal é seguir tirando dos pobres deixando-os mais pobres enquanto mantêm as fortunas dos super-ricos intactas.