Bolsonaro e o PSDB votaram a favor da reforma. Desde 2014 são 4 milhões a menos de vagas com carteira assinada

Seis meses após o início da tramitação da reforma trabalhista, o desemprego aumentou. É o que mostra levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a partir da Pnad-Contínua divulgado no dia 27 de abril e referente ao primeiro trimestre do ano.

Segundo o órgão, o desemprego em março atingiu 13,1%, acima dos 11,8% registrados em dezembro de 2017. São 13,7 milhões de pessoas em busca de emprego, algo como 1,4 milhão a mais que no final do último ano. Lembrando que o critério para desemprego utilizado pelo IBGE se refere apenas às pessoas que buscaram emprego em determinado período, ou seja, não pega o desemprego por desalento (quem já desistiu de achar uma vaga) ou trabalho precário.

Além do aumento do desemprego, ocorre um processo cada vez maior de informalização do mercado de trabalho, com a substituição de vagas com carteira assinada por trabalho informal ou por conta própria. O número de trabalhadores com carteira assinada somava em março 32,9 milhões, o menor número desde 2012, quando o IBGE começou a registrar esse dado.

Se o desemprego, pela metodologia do órgão, fica estável se considerado o mesmo período do ano passado (13,7%), o número de trabalhadores formais cai 1,5%, o que representa a extinção de quase 500 mil vagas de trabalho com carteira. Desde 2014, foram fechadas 4 milhões de vagas com carteira assinada, média de 1 milhão por ano.

A mentira da reforma trabalhista
O avanço do desemprego mostra a mentira propagandeada para a aprovação da reforma trabalhista. O principal argumento do governo Temer e os defensores da reforma, era de que a extinção da CLT promoveria a redução do desemprego e da informalidade, o contrário do que de fato aconteceu. O então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse na época que a medida tiraria 45 milhões de trabalhadores da informalidade.

Desde que foi aprovada, tivemos o fechamento de 305 mil postos de trabalho com carteira assinada. As vagas formais criadas nesse período só cresceram nos postos de trabalho com remuneração menor, de até dois salários mínimos. No Norte e Nordeste, na faixa de apenas um salário mínimo.

Brasília – Os deputados Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro falam com a imprensa (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

PSDB e Bolsonaro votaram a favor da reforma
A conta do desemprego e da precarização do trabalho no país não recai apenas sobre o governo Temer. Vale lembrar que o PSDB de Aécio e Alckmin trabalhou (o relator da reforma trabalhista foi o tucano Rogério Marinho do RN) e votou a favor da reforma. O presidenciável Jair Bolsonaro também cravou o seu “sim” pela reforma na Câmara, mostrando que, além de racista, LGBTfóbico e contra as mulheres, é também contra os trabalhadores. Eduardo Bolsonaro, também deputado e filho do pré-candidato, votou pela reforma e ainda fez campanha junto ao MBL dizendo que a medida ia “gerar emprego”.

Não se pode esquecer ainda o papel cumprido pelas cúpulas das principais centrais sindicais, como a CUT e a Força Sindical. Depois da Greve Geral de 28 de abril, que acabou de fazer um ano e foi a maior que o Brasil já viu, recusaram-se a preparar uma nova Greve Geral que poderia enterrar não só essa reforma como o próprio governo. Boicotaram a Greve Geral para canalizar o movimento pela via eleitoral ou para priorizar acordos de gabinete com o governo a fim de salvar o imposto sindical. Os trabalhadores agora pagam a conta.

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