O governo de Minas, a prefeitura da capital e toda a grande imprensa canalizaram a revolta causada pela tragédia das chuvas para uma campanha de donativos: 500 mil toneladas de alimentos, roupas, calçados e colchões foram arrecadadas como forma de amenizar o sofrimento das vítimas. Toda a propaganda dos meios de comunicação no sentido de diluir a responsabilidade pelos acontecimentos, apoiando-se no sentimento justo de solidariedade da população pobre e da classe média, não impediu que avançasse a organização dos desabrigados e sem-teto.
Em inúmeras comissões e associações de moradores, os desabrigados constituíram uma pauta de reivindicações na qual se destacam, entre outros pontos, a liberação imediata dos recursos retidos na Prefeitura e a mudança dos critérios de distribuição do Orçamento Participativo. Os líderes comunitários consideram que os critérios atuais, que colocam em disputa os poucos recursos entre os moradores de vilas e favelas, configuram em omissão por parte da Prefeitura e exigem que as áreas de risco sejam, de fato, tratadas como prioridade.
São passos importantes na compreensão dos limites de mecanismos como o Orçamento Participativo e da impossibilidade de um governo para todos, numa cidade e sociedade tão desiguais.
Post author Cacau,
de Belo Horizonte – MG
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