Cumprindo o cronograma anunciado por Barack Obama, os EUA iniciaram neste mês de agosto a retirada de suas tropas do Iraque. O governo norte-americano tenta fazer crer que parte de sua missão foi cumprida, cabendo agora a permanência de 50 mil soldados apenas para funções de apoio e treinamento. Mas a realidade é que o imperialismo sai derrotado do país, após sete anos de ocupação militar e mais de 1 milhão de iraquianos mortos.

O objetivo do governo Bush, quando invadiu o Iraque, não era simplesmente depor Saddam Hussein e devolver o governo aos iraquianos. Era instaurar um governo títere e assumir o controle direto das reservas de petróleo do país. Usou como pretexto a farsa das armas de destruição em massa que Hussein estaria produzindo (a dramática ironia é que, hoje, 3 milhões de iraquianos sofrem os efeitos do urânio empobrecido e das armas químicas usadas pelos americanos).

Embora tenham sido vitoriosos inicialmente – com a derrubada, captura e execução de Saddam Hussein -, os EUA e seus aliados se viram em uma situação profundamente desconfortável quando se tornou evidente a inviabilidade de um regime político “estável” frente à resistência popular, sobretudo da população sunita.

Ainda durante o governo Bush, os EUA foram forçados a mudar de tática, substituindo a guerra pura e simples por negociações e concessões. Costuraram alianças com as burguesias xiita e curda, oferecendo a partilha dos lucros do petróleo, medida cujo efeito colateral mais desagradável para o imperialismo foi o fortalecimento da influência do Irã (país de maioria xiita) sobre o Iraque.

Mas houve também efeitos colaterais gravíssimos para a própria população iraquiana. Em vez de alcançar a estabilização política, as concessões dos EUA possibilitaram ao governo xiita desencadear uma violenta repressão contra a resistência sunita, levando o país à beira da guerra civil.

Para conter a resistência, o imperialismo lançou mão do dinheiro, pagando US$ 60 milhões mensais a milícias sunitas para que estas deixassem de atacar as tropas de ocupação e combatessem a Al Qaeda.

Os custos políticos e econômicos da ocupação, entretanto, continuariam elevados. Nestes sete anos, mais de 4 mil soldados foram mortos e 30 mil, feridos. Estima-se que foram gastos cerca de US$ 3 trilhões desde o início da guerra.

A violência no país também não dá sinais de que vá diminuir. Justamente em julho foi registrado o maior número de mortes desde maio de 2008: 396 civis, 50 soldados iraquianos e 89 policiais. Além disso, são inúmeras as denúncias de violação de direitos humanos, como as centenas de milhares de presos políticos. E o número de refugiados é estimado em 4,8 milhões.

Enquanto isso, retirando as tropas de combate, mas mantendo as bases militares, os EUA continuam submetendo o Iraque à condição de colônia. E o vencedor do Prêmio Nobel da Paz (!) Barack Obama pode dedicar maior parte de seu tempo a imaginar como sair de outro grande atoleiro em que o seu país se meteu: o Afeganistão. Lá, como no Iraque, o povo não se rendeu e a guerra pela libertação nacional não dá trégua ao imperialismo.