Neste dia 14, o Conselho de Ministros da França reuniu-se extraordinariamente para aprovar a prorrogação das medidas repressivas do estado de emergência no país por mais três meses. O estado de emergência foi implementado no dia 9, através de decreto, com previsão de durar 12 dias, ou seja, até 21 de novembro.

Para ter continuidade depois dos 12 dias, o estado de emergência dependia da aprovação parlamentar. O Conselho de ministros encaminhou a proposta de prorrogação à Câmara dos Deputados, que a aprovou. Como o governo tem ampla maioria na Câmara, a proposta recebeu 346 votos, contra apenas 148. Hoje, o Senado deve debater a proposta.

O objetivo da medida era conter a revolta dos jovens imigrantes e desempregados, que vivem sem perspectivas no subúrbio francês. As ações dos jovens consistem, principalmente, em incendiar prédios públicos e carros. O decreto do estado de emergência se baseou em uma lei de 50 anos atrás, adotada durante a guerra anticolonial da Argélia, e permite que autoridades detenham pessoas em prisão domiciliar, limitem o movimento de pessoas ou veículos, confisquem armas, fechem espaços públicos e delimitem um toque de recolher. Também estão proibidas reuniões e manifestações públicas que “possam resultar em desordens”. Cerca de 38 subúrbios e cidades, incluindo Paris, estão sob toque de recolher e vigilância policial rígida, que conta com cerca de 11 mil homens.

Insurgência continua
Já são quase 10 mil carros incendiados desde o dia 27 de outubro, após a morte de dois jovens franceses descendentes de imigrantes africanos, que estavam fugindo da polícia, que os havia parado para exigir documentos de identificação. A batida policial, muito conhecida pelos jovens negros e pobres das periferias brasileiras, é usada constantemente para intimidar a juventude imigrante.

A revolta dos jovens franceses é tão intensa que Chirac, Villepin e Sarkozy comemoram o fato de que ‘apenas´ 215 carros foram queimados na noite do dia 14. Tentam passar a idéia de que a situação está normalizada, como se fosse normal ter mais de 100 carros, como os 163 desta noite, queimados na periferia de uma grande cidade. Ainda que as medidas repressivas e o tempo possam diminuir as chamas na periferia, a região continuará sendo um barril de pólvora, fruto de décadas de neoliberalismo e da exclusão promovida pelo imperialismo europeu.