De repente, os parlamentares estão com pressa de finalizar a CPI dos Correios. Depois de mais de dois meses de denúncias, políticos da direita e do governo interessados nas próximas eleições querem apressar as investigações, sacrificando alguns para salvar a maioria.

No dia 6, a CPI dos Correios divulgou que pretende apresentar, num prazo de dez dias, o primeiro relatório recomendando a cassação de alguns deputados. O pedido de cassação será feito apenas contra aqueles contra os quais já existem provas de quebra de decoro parlamentar, segundo a interpretação da CPI. Fala-se em 18 pedidos, entre os quais estão os nomes dos petistas José Dirceu, João Paulo Cunha e Josias Gomes, do Bispo Rodrigues (PL), de José Janene (PP) e de Roberto Jefferson (PTB).

Enquanto a CPI trabalha com essa lista mínima para que o restante acabe em pizza, surgem, porém, listas de sacadores das contas de Marcos Valério, que apontam cada vez mais nomes de parlamentares, ministros e vários assessores. As listas investigadas chegam a 120 nomes de sacadores das contas de Valério.

Há argumentos que devem servir para livrar a cara de muitos parlamentares, como a tese de que os recursos sacados das contas do publicitário não seriam para o mensalão, mas para pagar dívidas de campanha. Ou seja, para se fugir das denúncias de desvio de dinheiro público, que consiste em corrupção, os parlamentares assumem o crime eleitoral.

Essa pressa toda faz parte do acordão operado para que as investigações terminem em pizza e as cabeças de poucos sejam logo servidas para que não dê tempo de surgirem provas contra os demais. Dois meses de desgaste e denúncias já saíram do controle dos próprios denunciantes e começam a gerar protestos da população. Os picaretas querem esconder a sujeira embaixo do tapete e preparar a farra de 2006.

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