Apesar do atraso na apuração e centralização dos votos do Plebiscito Popular realizado entre os dias 1 e 9 de setembro, a estimativa da organização é de que mais de quatro milhões de pessoas tenham votado em todo o país. O atraso da contabilização dos votos reflete as enormes proporções tomadas pela campanha, que mobilizou milhares de ativistas em todas as regiões. Em razão do atraso da apuração do plebiscito, o resultado da votação será oficialmente levado ao governo nos dias 8 e 9 de outubro.

O boicote deliberado da grande imprensa não impediu que a campanha atingisse um setor de massas dos trabalhadores, bem como uma parte da população em geral. A repercussão obrigou a Companhia Vale do Rio Doce a desencadear uma campanha de marketing a fim de minimizar os estragos em sua imagem.

Além disso, trouxe à tona temas como o pagamento da dívida pública e o problema do controle privado sobre o fornecimento de energia elétrica, questão praticamente desconhecida por grande parte dos movimentos sociais e até mesmo pelos ativistas de esquerda.

‘Não´ à reforma
No entanto, uma das maiores vitórias do plebiscito foi o avanço da luta contra a reforma da Previdência. A votação ampliou a discussão sobre os perigos da nova reforma preparada pelo governo Lula. Em praticamente todos os locais e setores, a maioria de votos “não” foi justamente na pergunta sobre a reforma, mostrando que a população está se conscientizando sobre mais esse ataque.

Desta forma, o plebiscito foi um importante ponto de apoio às mobilizações contra a política econômica do governo Lula e as reformas, superando o conjunto dos movimentos sociais e atingindo setores de massa da classe trabalhadora e da população.

Votação expressiva
Alguns estados já fecharam a apuração dos votos. Em São Paulo, cerca de 450 mil pessoas votaram nas quatro questões do plebiscito. Perto de 250 mil votaram na cédula com apenas uma pergunta, sendo que destas, apenas 47 mil votos foram coletados pela CUT e pela UNE.

Em Santa Catarina, essa diferença é ainda mais gritante. Enquanto o conjunto dos movimentos, principalmente a Conlutas, coletou 257 mil votos, a CUT e a UNE coletaram apenas 7 mil.

No estado de Minas Gerais, outra votação massiva. Mais de 161.600 pessoas votaram no plebiscito com as quatro perguntas.

A atual crise na formulação do projeto de reforma da Previdência é causada, sobretudo, pelo conjunto de mobilizações levadas a cabo durante todo o ano. No entanto, para derrotar definitivamente a proposta de reforma é necessário, mais do que nunca, ampliar a mobilização.

É preciso desde já preparar as caravanas para a marcha a Brasília no dia 24 de outubro, buscando em cada estado os ativistas que estiveram conosco durante o Plebiscito Popular. A reunião da Assembléia Popular (fórum que reúne amplo conjunto de movimentos e entidades), realizada nos dias 22 e 23 de setembro, definiu que a mobilização do dia 24 de outubro cobrará do governo medidas concretas sobre as bandeiras do plebiscito, além de incorporar as demais reivindicações dos setores que organizam a mobilização.

Já estão na organização da marcha Conlutas, Intersindical, Pastorais Sociais de São Paulo e a Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas). É preciso que os movimentos e entidades, como o MST, que ainda hesitam, incorporem-se a essa mobilização. Nas regiões, é necessário buscar as bases das entidades, convidando os ativistas à marcha a Brasília.

Torna-se necessário ainda organizar as listas de nomes para a caravana, além das campanhas financeiras para possibilitar uma grande marcha contra os ataques e em defesa dos direitos.

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