Brasília - Michel Temer faz pronunciamento no Palácio do Planalto ( Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Redação

O governo Temer reabriu o balcão de negócios para a compra de deputados na votação da segunda denúncia contra o presidente. Entre liberação de emendas, o Refis para os grandes empresários e anistia de multas ambientais às empresas, foram pelo menos R$ 12 bilhões. Enquanto isso corta recursos da Saúde, Educação e ameaça tirar a sua aposentadoria com uma nova reforma da Previdência.

Compra de votos em plena votação

Só de emendas aos parlamentares foram R$ 881,2 milhões. Em plena sessão da Câmara que votaria a denúncia, o feirão de deputados rolava solto. O fotógrafo Lula Marques flagrou o momento em que o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) conferia uma planilha do Ministério da Agricultura com valores ao lado. Olhava para o painel de presença dos deputados e marcava a planilha com uma caneta. Compra de deputados realizada sem escrúpulos, à luz do dia. Para amarrar os votos a seu favor, Temer desbloqueou os recursos das emendas e garantiu, em média, R$ 15 milhões a cada deputado e senador.

A barganha para a salvação do mandato de Temer inclui ainda a perversa portaria editada pelo Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que simplesmente inviabiliza a autuação de trabalho escravo no país. Um presente para empresários e, principalmente, para os ruralistas. Uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu temporariamente a portaria nesse dia 24, mas ela continua lá.

Sem falar na recente operação para salvar o mandato de Aécio Neves (PSDB-MG) no Senado, numa articulação envolvendo o Congresso Nacional e o próprio STF. Uma mão lava a outra: a base governista salva Aécio e os tucanos se comprometem a salvar Temer.

Brasília – O plenário da Câmara se reúne para votar a segunda denúncia apresentada pela PGR contra Temer. Os deputados irão decidir se autorizam o STF a investigar o presidente e os ministros (José Cruz/Agência Brasil)

Vem aí a reforma da Previdência
O governo Temer é já o governo mais impopular da história. A notícia de que havia sido internado na tarde desta quarta foi recebida com alegria pelo povo e a torcida de que não saísse mais de lá. Temer não cai porque absolutamente ninguém que está no Congresso quer tirá-lo de lá. Todos estão de olho em 2018. Os governistas procuram um nome de fora da política como alternativa, enquanto o PT quer capitalizar o desgaste de Temer. Enquanto isso, Temer vai ficando e aprovando medidas contra os trabalhadores e a população.

Terminada a votação dessa segunda denúncia de corrupção, o governo lança uma ofensiva contra a aposentadoria de milhões de brasileiros. Enquanto gasta bilhões para se manter no governo, acusa a Previdência de causar um rombo fiscal. Um verdadeiro escárnio. Se não for capaz de aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), Temer, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e demais corruptos planejam fazer isso através de Projeto de Lei, que não precisa de três quintos dos votos para passar mas apenas maioria simples.

Construir o dia 10 de novembro
A Previdência está na mira desses corruptos. A reforma trabalhista entra em vigor no dia 11 de novembro. A única forma de impedir isso é através da luta. Os metalúrgicos estão se mobilizando e impedindo, na prática, a aplicação dos pontos previstos da reforma trabalhista nos acordos coletivos. É preciso unificar as lutas, unir operários, servidores públicos, movimento popular, as negras e negros, o movimento indígena, LGBT’s, na construção do dia 10 de novembro. A data foi definida pelos metalúrgicos e encampada por outros setores da classe trabalhadora, como um dia contra as reformas da Previdência, trabalhista, as terceirizações e em defesa dos empregos e do serviço público.

É preciso construir, pela base, essa data, exigindo dos sindicatos a realização de assembleias, reativando os comitês de luta contra a reforma da Previdência, enfim, mobilizando por baixo para impor um grande dia de luta, forçando que as cúpulas das centrais encampem de fato esse dia e impedindo que se repita o que ocorreu no dia 30 de junho, quando as direções traíram e puxaram a Greve Geral para debaixo do tapete.

Uma Greve Geral pode derrubar essas reformas e esse governo corrupto.

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