PSTU-SP

Ariel da Silva, de São Paulo

Os funcionários da Exclusiva Têxtil e Azaya passaram uma semana em pânico esperando por respostas da diretoria sobre qual medida seria tomada pela empresa durante a crise da Covid-19. Parece que esperaram até o último minuto para ver se o governo liberaria mais medidas para facilitar a vida dos empresários. O que foi proposto na sexta-feira, 20 de março, é que ambas as empresas suspenderiam os serviços dos funcionários até segunda ordem, fazendo com que eles assinassem um termo de suspensão do contrato de trabalho que, além de não ter sido explicado para ninguém, foi assinado somente pelos funcionários, onde nem a diretoria e nem as duas testemunhas haviam assinado.

Com um discurso humano, o diretor da empresa disse que pagaria normalmente os funcionários o mês de março (mês trabalhado), e tentaria continuar pagando os funcionários nos próximos meses, não sabendo se teria dinheiro para isso e dando sua palavra que iria priorizar os funcionários que recebem menos e que não pagariam os gerentes, que são os funcionários que recebem mais. Falou que haveria um número pequeno de cortes, novamente dizendo que iria priorizar os funcionários que recebem menos.

Na segunda-feira, 23, o discurso já era outro. Vários funcionários da produção começaram a receber mensagens de demissões por Whatsapp, sem informação alguma de quando sairia a rescisão, apenas que seriam desligados da empresa. Nessas demissões, mais de um terço dos funcionários perderam seus empregos.

Além disso, os funcionários já estavam sendo prejudicados dentro do local de trabalho. Há mais de um mês, a água do bebedouro estava com gosto estranho e a água da pia da cozinha estava saindo suja. No banheiro, colocaram um papel escrito que a água é de poço, para não beber, mas desse jeito não dá nem para escovar os dentes. Sem contar que a cozinha que é disponível para os funcionários é uma cozinha em condições de higiene deploráveis, do qual não comporta a quantidade de funcionários da fábrica.

Só é possível ficar em casa com garantia de emprego e de salário. Demitir funcionários em tempos de pandemia é um descaso com a vida do trabalhador. É necessário exigir do governo e dos patrões estabilidade nos empregos e de salário, caso contrário, a vida dos trabalhadores estará exposta ao vírus e à miséria.