Crise atinge principal parque industrial do paísNesta terça, dia 20 de janeiro, os operários da Mercedes, Scania, Mahle, Ford e outras fábricas pararam a produção e participaram de uma passeata em São Bernardo do Campo (SP), convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A manifestação começou por volta das 7h30, próximo da Mercedes-Benz. Até o fim do protesto, às 10h30, as duas pistas da via ficaram interditadas para o tráfego de veículos.

O principal sindicato da CUT chegou a anunciar a participação de 12 mil pessoas. Os trabalhadores na Volkswagen foram a grande ausência deste dia. Os trabalhadores ainda sentem o trauma da derrota de 2006, com o acordo imposto pela CUT em uma assembléia questionada até pela imprensa burguesa. Nesta quarta, os trabalhadores viraram as costas para a direção sindical, repetindo as cenas dos dias de protesto contra a emenda 3 e da campanha da redução da jornada para 40h semanais.

Uma “tsunami” no ABC
Na Scania, as dispensas vieram em dezembro. Cerca de 500 “estagiários” – outro nome para temporários – foram para a rua. Agora, a General Motors de São Caetano encerra o terceiro turno, deixando 1.600 trabalhadores de licença remunerada até o final do contrato. Foram-se os empregos, ficou o banco de horas.

Nas fábricas médias e pequenas, desde novembro o drama do desemprego já vem atingindo os operários. A lista de fabricas que já demitiram no ABC é grande: TRW, Federal Mogul, Asbrasil, Kostal, Borlem, Magnetti Marelli (Cofap), Proema, Proxy, Arteb…

Hoje vemos no país uma verdadeira “tsunami”. E não apenas uma “marolinha”, como anunciou o presidente Lula. O ABC não é excessão. A ameaça de demissão paira sobre o emprego dos trabalhadores nas regiões industriais, sendo que 390 mil perderam o emprego em dezembro na indústria do país.

A proposta da FIESP, de redução de salário é apoiada por sindicalistas, como os da Força Sindical. Aqui, em São Bernardo, base da CUT, a proposta está sendo acordada na fábrica Nakata. Há muitos acordos no ABC. Como os da Kostal e Scania, de licença não remunerada. Os PDV´s, o Banco de Horas nas plantas da Volks de Taubaté e do ABC mostram que os patrões querem fazer com que os trabalhadores paguem pela crise, querem atacar nosso emprego e salário, e, infelizmente, com a ajuda da direção sindical.

O protesto desta terça-feira mostra a disposição dos trabalhadores. A passeata nas ruas de São Bernardo ocorre uma semana depois que os trabalhadores na General Motors de São José dos Campos fizeram uma jornada de luta, parando uma hora na terça e duas horas na quinta. A paralisação dos trabalhadores neste dia 20 e as greves de protesto que estão ocorrendo e ocorreram nestes últimos meses mostra a disposição dos trabalhadores em defender os seus empregos, ainda que o programa de reivindicação dos dirigentes sindicais leve a luta operária a um beco sem saída.
A unificação das lutas em defesa do emprego, sem redução de salário e direitos e sem banco de horas, é de extrema importância. Que as empresas, que lucraram muito, paguem agora, e garantam nossos empregos. As montadoras instaladas no Brasil, por exemplo, enviaram mais de 8 bilhões de dólares as suas matrizes em 2008, sendo que ainda receberam 4 bilhões de reais do Banco Central. Chega de demissões. Vamos à luta por nossos empregos e salários.