A delação de Sérgio Machado, divulgada nesta quarta-feira, dia 15, é mais uma bomba em meio à grave crise política instalada no país. O ex-presidente da Transpetro admitiu ter arrecadado e repassado propina a dezenas de políticos de partidos como o PMDB, PT, PSDB, PP, DEM e PCdoB. Somente o PMDB teria se beneficiado com mais de R$ 100 milhões.

Machado foi presidente da Transpetro entre 2003 e 2015, por nomeação do PMDB, e é tido na Operação Lava Jato como um dos operadores deste partido no esquema de corrupção da Petrobrás. Mas ele também já foi senador pelo PSDB, na época do governo FHC, quando também atuou para repassar propina a Aécio Neves e outros deputados tucanos.

Em mais de 400 páginas, a delação escancara os esquemas de corrupção que são práticas comuns no sistema político brasileiro, em todas as esferas de governo: federal, estaduais e municipais. Segundo relatou Machado, o padrão de propina seria uma cobrança de 3% no governo federal, de 5% a 10% nos governos estaduais e de 10 a 30% nas contratações envolvendo municípios.

A delação tem requintes de cinismo. Segundo Machado, a Petrobrás é “a madame mais honesta dos cabarés do Brasil”, por ser “um organismo estatal bastante regulamentado e disciplinado”. Segundo ele, outras empresas e órgãos públicos adotam práticas “menos ortodoxas”. Dentre os outros órgãos , ele cita o DNIT, as companhias Docas, os bancos oficiais tais como Banco do Nordeste, Funasa, FNDE e DNOCS.

A delação de Machado revela que a distribuição de propinas não conhece ideologia, envolvendo políticos do DEM ao PCdoB, dos quais vários caciques pemedebistas com o próprio presidente interino Michel Temer, Romero Jucá, Renan Calheiros, José Sarney, Henrique Alves e Edison Lobão, e outros como o tucano Aécio Neves, Jandira Feghali (PCdoB), Ideli Salvati (PT), entre outros.

O pedido de Temer a favor de Chalita
O ex-presidente da Transpetro afirmou que Michel Temer pediu dinheiro de propina para a campanha do seu então aliado político Gabriel Chalita, na eleição de 2012. Segundo o delator, a conta de R$ 1,5 milhão foi empurrada à Queiroz Galvão, uma das empreiteiras mais comprometidas no esquema de corrupção na Petrobrás. Temer já havia sido citado por outros delatores, mas esta é a primeira vez que ele é diretamente acusado de pedir dinheiro ilegal para campanhas.

O esquema de Aécio
Na delação, outro destaque, são as afirmações de Machado em relação ao senador tucano Aécio Neves. Segundo o executivo, o tucano foi o candidato que recebeu a maior parcela de cerca de R$ 7 milhões arrecadados de forma ilegal à época do governo FHC, para eleger o maior número possível de deputados federais do PSDB. Machado disse que o montante bancaria a campanha de 50 candidatos à Câmara. Aécio abocanhou R$ 1 milhão.

Basta! Fora todos eles! Eleições Gerais já!
Chama a atenção que no esquema escancarado pelo delator, não haveria cartel, nem fraude nas licitações da estatal.  O pagamento era em dinheiro vivo ou “doações legais”. O esquema consistiria em ameaças e chantagens contra as empresas de que não haveria novos contratos para aquelas que não pagassem propinas ou mesmo que seriam excluídas da lista de companhias que poderiam ser contratadas pela estatal.

Como o PSTU sempre afirmou não existe “doação” de campanha, e nem mesmo há diferença entre doações supostamente lícitas ou ilícitas.  Empresas não fazem doação. Fazem empréstimos para cobrarem depois com juros de agiotas. É uma relação promíscua, que varia entre doações “legais” e Caixas 2, mas o que acaba prevalecendo é a intervenção do poder econômico e privado não só nas eleições, mas também no funcionamento das instituições do Estado. Por isso, tamanho esquema de corrupção que tem vindo à tona, envolvendo praticamente quase todos os partidos, políticos e governantes.

A cada dia se faz mais necessária a luta dos trabalhadores e da juventude para por todos para fora!

Sem mobilização, tudo pode acabar em pizza. Diante da ameaça do pedido de prisão feito pela Procuradoria Geral da República contra a cúpula do PMDB, no Senado, todos os picaretas, do PT ao PMDB e PSDB, se uniram para evitar o xilindró. Não é à toa. Todos têm rabo preso. Já são 12 os senadores investigados na Operação Lava Jato com inquéritos em tramitação no STF. Haveria mais de 30 senadores com a corda no pescoço com os desdobramentos da delação de Marcelo Odebrecht.

Fora Temer! Fora Todos Eles! Eleições Gerais já!
O PSTU defende eleições gerais já, para todos os cargos, sob novas regras, onde envolvidos em casos de corrupção não possam participar, haja tempo igualitário de TV entre todos os partidos, sem qualquer tipo de financiamento privado, além de mandatos revogáveis e fim dos privilégios e altos salários. A antecipação das eleições para todos os cargos coloca em discussão a possibilidade da revogabilidade dos mandatos. O povo elegeu e tem todo o direito de trocar quem quiser.

Contudo, não se trata de acreditar que as eleições vão resolver a situação. Diante de tamanha crise, que não é só política, mas também econômica e social, somente a classe trabalhadora, nas ruas e nas lutas, poderá construir uma nova alternativa para este país.

O Brasil precisa de um Governo Socialista dos Trabalhadores. Um governo que não seja atrelado aos empresários, banqueiros e corruptos, mas que seja baseado em Conselhos Populares, onde os trabalhadores, nas fábricas e nos bairros, de forma democrática, possam decidir os rumos do país.

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