Hoje, a preocupação com a natureza já não é restrita a um setor de vanguarda. A sucessão de catástrofes ambientais está trazendo para a consciência de setores de massas que é preciso fazer alguma coisa para preservar o meio ambiente.

O debate ecológico tem uma importância crescente, e não é por acaso que seja o eixo de campanha de Marina Silva (PV), assim como um ponto importante dos programas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

Mas é impossível se localizar corretamente na discussão ecológica desconhecendo a divisão entre as classes na sociedade capitalista, como fazem Marina, Dilma, Serra e todos os ecocapitalistas.

Não são simplesmente homens e mulheres que destroem a natureza. Os responsáveis pelo aquecimento global são as grandes empresas que controlam o mundo e determinam o que e como produzir.

Também não é verdade que os desastres naturais afetam a todos por igual. Evidentemente, os mais pobres são os mais afetados pelas enchentes e deslizamentos, como se pôde comprovar tristemente neste início de ano no Brasil, no Chile e no Haiti.

A verdade é que a natureza está sendo duramente afetada pela dominação imperialista, com efeitos que vão atingir inevitavelmente as futuras gerações. Isso torna a batalha pela natureza inseparável da luta pelo socialismo.

Não é possível defender a natureza e ao mesmo tempo os governos que a destroem. O governo FHC aplicou duramente o plano neoliberal no país, com suas privatizações e cortes de direitos. Isso também se refletiu no meio ambiente. FHC bateu recordes históricos no desmatamento da Amazônia, mais do que dobrando os índices anteriores.

Já o primeiro governo Lula conseguiu superar FHC no desmatamento. A redução relativa atual dos desmatamentos não mudou a dinâmica destrutiva, que se ampliou com a abertura para os transgênicos e a construção da usina Belo Monte.

Os governos FHC e Lula foram recordistas no ataque ao meio ambiente por aplicarem à risca um plano econômico neoliberal, a serviço das grandes empresas. Dilma e Serra defendem a continuidade desse plano econômico e, portanto, da destruição ambiental. Marina Silva posa de defensora da natureza, mas já disse abertamente que defende a continuidade do modelo econômico. Consegue defender tanto o governo FHC como o de Lula.

Isso tem uma enorme importância para identificar a necessidade de uma alternativa dos trabalhadores, como oposição de esquerda contra Dilma, Serra e Marina também na questão ecológica. Uma estratégia ecossocialista deve ser incorporada pelos movimentos sociais dos trabalhadores e jovens deste país. Essa é a proposta da pré-candidatura de Zé Maria.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 403
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