Leia abaixo trechos da declaração do Grupo Socialista Internacionalista (seção francesa da LIT-QI) sobre os acontecimentos na FrançaEm 10 dias, mais de 300 cidades foram atingidas com 4.900 veículos queimados e escolas, ginásios, armazéns e lojas foram destruídos. Foram contabilizados dezenas de feridos e mais de 1.500 presos, com centenas de condenações expeditivas.
Tudo começou em 1983, quando a “esquerda”, recém-chegada no poder, se juntou vergonhosamente ao social-liberalismo e se dedicou a implementar uma política que levou o primeiro-ministro Jospin a privatizar mais do que seus antecessores de direita, Balladur e Juppé. O PS deu seu apoio à adoção do Tratado de Maastrich que fez de todos os trabalhadores de toda a Europa os reféns da política de liberalização da economia e do mercado de trabalho, uma política de “deflação competitiva”, quer dizer salários sempre mais baixos, empregos sempre mais precários, serviços públicos privatizados e proteção social desmantelada: é o triunfo da miséria.

Villepin seguiu a escola de Chirac: começou com uma declaração hipócrita sobre o “modelo social” e, logo depois, cinco decretos que o destroem! Ele teve como alvo a destruição das conquistas históricas da classe operária e da juventude: código do trabalho, convenções coletivas, estatuto da função pública e serviços públicos no seu conjunto. Nada foi poupado: escolas, hospitais, serviços sociais, etc.

Ante a violência desses ataques, como podemos estranhar a reação da classe operária e da juventude quando os supostos partidos de esquerda, que deveriam defender os interesses dos próprios trabalhadores e da juventude, já abandonaram sua responsabilidade ou foram à falência?

Quais as respostas do governo?
Da mesma maneira que, em 29 de maio, depois da rejeição da Constituição européia, hoje o governo responde com uma repressão reforçada e com a instalação do estado de emergência, com base em um texto de 1955, que se chama “Lei de instituição de um estado de emergência e que declara sua aplicação na Argélia” (…) Uma lei marcada pela desigualdade e a opressão! (…) Com essa política, o governo prepara-se para enfrentar outras explosões inevitáveis do movimento operário e da juventude. Lança assim um balão de ensaio, com todos os meios necessários para a repressão.

E a esquerda?
Será que podemos esperar alguma coisa da política defendida pela suposta esquerda, que se limita há 25 anos a um “tratamento social” do desemprego e chega hoje a aprovar a instauração do estado de emergência? É com muita reticência que a esquerda e as organizações sindicais comentam as medidas brutais do governo, como se elas aprovassem que esse setor da juventude seja tratado, de forma particular, como animais!

Os trabalhadores e a juventude só podem contar com eles próprios e devem se organizar em função disso. Perante a brutalidade da política do governo Chirac-Villepin-Sarkozy, outras explosões são inevitáveis.
Vamos trabalhar numa unidade de ação para construir o instrumento necessário, o partido operário independente, para dirigir a ira de toda a classe operária e a juventude contra o patronato e os governos de direita e de esquerda às suas ordens.

ü Não à “ditadura democrática”
do governo e do patronato!
ü Não ao estado de exceção!
ü Fim de todas as medidas do estado de emergência!
ü Libertação de todos os jovens,
com ou sem título de permanência!
ü Suspensão dos processos!
ü Não as expulsões!
ü É o governo Sarkozy-Chirac-Villepin
que temos que demitir!
ü Para um verdadeiro diploma, um
verdadeiro trabalho, um verdadeiro salário!
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