O PSTU integrou a Frente de Esquerda, com Heloísa Helena presidente, como oposição tanto a Lula quanto a Alckmin. Acreditamos que isso foi muito importante, pois a Frente apontou uma alternativa de esquerda perante esses dois projetos que defendem o mesmo modelo neoliberal e a mesma corrupção que choca o país. Os resultados preliminares da apuração eleitoral indicam que haverá segundo turno das eleições presidenciais, onde disputarão os candidatos Lula e Alckmin. Nesse cenário, haverá uma onda entre os trabalhadores de apoio à candidatura de Lula para “evitar a volta da direita“. Diante disso, o PSTU declara:

1) O PSDB e PFL são os partidos da direita tradicional do país e desejam voltar ao governo para roubar e aplicar a mesma política econômica que favorece os ricos e prejudica os trabalhadores. Durante os oito anos em que estiveram no poder, foram responsáveis pela introdução do projeto neoliberal no Brasil. Foi sob FHC que o desemprego aumentou de forma assustadora e as dívidas externa e interna explodiram. Foi com PSDB/ PFL que foram realizadas as privatizações de 133 estatais. As privatizações foram marcadas por uma roubalheira jamais vista na história. A privatização da Telebrás teve a interferência direta de FHC para beneficiar um grupo de empresários. A oposição burguesa não tem autoridade para falar em moralidade e ética na política. O recente escândalo do dossiê mostra o seu envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Alckmin é expressão desse setor e sua imagem está associada à de Fernando Henrique Cardoso e seu governo corrupto.

2) Durante seu mandato, o governo Lula manteve a mesma política econômica neoliberal do governo de Fernando Henrique, retirou bilhões da saúde, educação, reforma agrária – por meio do superávit primário – para garantir o pagamento das dívidas interna e externa e levou a cabo medidas exigidas pela burguesia brasileira e pelo capital financeiro internacional, como a reforma da Previdência.

3) Lula não governa e nunca governou para os trabalhadores. O fato de Lula ter sido um líder operário confunde a consciência de milhares de trabalhadores. Seu governo é de direita, mas com a cara de operário. Lula governa para a burguesia e aplica um plano econômico a serviço das grandes empresas e do imperialismo. Como o próprio presidente reconheceu, no seu governo foram “os ricos, as empresas e os bancos que ganharam mais dinheiro do que nunca” (Lula, em declaração à ‘Folha de São Paulo´, 18/9/2006). Por outro lado, mensalão, sanguessugas e a compra do dossiê mostram que o governo Lula também copiou a mesma corrupção de governos de direita como os de Collor e FHC.

3) Lula e Alckmin pretendem implementar ataques contra os direitos dos trabalhadores e aplicar medidas centrais exigidas pelo imperialismo e pela burguesia, como a nova reforma da Previdência e a reforma Sindical e Trabalhista. A reforma Trabalhista pretende eliminar conquistas históricas dos trabalhadores como o décimo terceiro, redução de férias, flexibilizar mecanismos de contratações e acabar com o FGTS. A reforma sindical dará plenos poderes às burocracias das centrais sindicais (CUT e Força Sindical), em prejuízo aos sindicatos de base. A nova reforma da Previdência pretende elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos.

4) Nem Lula nem Alckmin representam os interesses dos trabalhadores no segundo turno. Apesar dos enfrentamentos eleitorais, não há nada mais parecido com um governo petista do que um governo tucano. Ambos compartilham o mesmo plano econômico neoliberal e a mesma corrupção. Eles disputam furiosamente entre si, mas só para ver quem vai se beneficiar do aparato de Estado.

5) Votar em Lula ou em Alckmin é, portanto, dar um cheque em branco para que prossigam com a corrupção e o roubo dos nossos direitos. Diante disso, o PSTU chama “Nem Lula, nem Alckmin” e o voto nulo no segundo turno das eleições. Chamamos também todos os nossos companheiros da Frente de Esquerda a se pronunciarem pelo voto nulo e a realizarmos juntos uma campanha por esta posição. Isto seria a continuidade do que defendemos juntos no primeiro turno das eleições. Esse é o primeiro passo para continuarmos travando uma luta sem tréguas contra o projeto neoliberal, seja quem for o seu executante.