Por uma campanha permanente pelo boicote até a destruição do Estado de IsraelA LIT-QI saúda o heróico povo palestino de Gaza por conseguir que as tropas do exército de Israel tenham saído de Gaza sem acabar com a resistência.

A luta foi desigual. A resistência enfrentou um dos exércitos mais poderosos do mundo. Vemos agora com detalhe a brutalidade da agressão sofrida. Mais de 1.300 vítimas assassinadas, milhares de feridos, 4 mil casas destruídas e a infra-estrutura básica arruinada demonstram que o objetivo de Israel era o genocídio da população de Gaza. O exército de Israel não se deteve nem diante de refúgios da ONU, escolas ou hospitais. Todos têm gravados para sempre as imagens das centenas de crianças assassinadas pela máquina da morte nazi-sionista que se iguala ao horror produzido por Hitler no Gueto de Varsóvia ou nos campos de concentração. Para assassinar alguns dos dirigentes do Hamas ou do governo de Gaza, as tropas sionistas destruíram tudo o que encontraram. Com o objetivo de minimizar as baixas entre suas tropas, bombardearam todos os edifícios que pudessem oferecer algum perigo. Toda esta destruição e sofrimento não foram suficientes para dobrar a resistência palestina.

A impossibilidade de controlar territorialmente Gaza e as crescentes mobilizações em todo o mundo condicionaram a saída das tropas israelenses. O prazo pactuado com os EUA para desenvolver a ofensiva ia até a posse de Obama. O novo presidente dos EUA não poderia começar seu mandato com as bombas caindo sobre as crianças palestinas.

As mobilizações contra Israel
As ilusões geradas com a posse de Barack Obama fizeram que Israel ficasse com a exclusividade do ódio mundial das massas. Terminou toda aquela compreensão que Israel conquistara desde sua criação, através da utilização do holocausto sofrido pelos judeus. Israel nos últimos anos contou com o vergonhoso apoio de setores de “esquerda”, que defenderam sua existência com a política dos “dois estados”.

As massivas mobilizações, realizadas especialmente em vários países europeus e, principalmente, no conjunto dos países árabes, recordam as grandes manifestações contra a guerra do Iraque. Naquela ocasião, mobilizações na Europa e nos EUA tinham como eixo a paz. Agora se deu um passo mais adiante, pois o eixo desde o começo foi contra a agressão israelense.

Também fracassou a campanha de igualar Israel e a resistência palestina, realizada pelo imperialismo, pela social-democracia e pela ultradireita.

Nos países árabes, as mobilizações tiveram outro perigo para o imperialismo. A cada dia mais massivos, os protestos se realizaram contra os governos aliados do imperialismo, porque estavam permitindo o massacre israelense. Apesar da férrea ditadura, o governo egípcio de Mubarack (o segundo em recebimento de ajuda militar dos EUA) poderia ser derrubado se a ofensiva israelense continuasse.

Obama não teve presente
O êxito de uma vitória imperialista, com a capitulação da resistência, seria um presente para o início do governo Obama. Mas agora, o novo presidente terá que se ocupar em conseguir com as negociações o que não conseguiu com as armas israelenses.

O Hamas, que encabeçou e dirigiu a resistência, tem a oportunidade de mandar ao lixo da história o colaborador Abbas e toda a direção traidora da Al Fatah. Os governos imperialistas europeus, reunidos com Mubarack e Abbas, facilitaram a saída israelense quando perceberam que seria impossível sua vitória militar. O caminho que buscavam era o de levar o Hamas para a mesa de negociação e a colaboração com a ANP. Agora, são obrigados a reconhecer o Hamas como interlocutor, quando até pouco tempo a isolavam, considerando a organização como terrorista. Mas também tratam de salvar o fantoche de Israel Mahmud Abbas, ou pelo menos o resto da direção da Al Fatah para que possam seguir exercendo o governo colaboracionista de Israel.

A matança em Gaza poderia ter terminado mais cedo?
Acreditamos que sim. Mas para isso era necessária a intervenção de quem tivesse maiores possibilidades de intervir. O Hezbolah foi capaz de derrotar Israel em 2006, enfrentando sua invasão no Líbano. Não conhecemos todo o apoio que Hezbolah deu a resistência palestina durante este mês. É provável que tenha sido grande. As declarações de seu líder contra Israel, chamando a derrotar Mubarack por não abrir a fronteira aos habitantes de Gaza, as grandes mobilizações que promoveram no Líbano são fatos que os palestinos, sem dúvida, sempre irão agradecer. Mas a direção Hezbolah proibiu seus milicianos de atacar Israel, abrindo uma nova frente que poderia ter adiantado a derrota de Israel. Nem sequer permitiram que os palestinos refugiados se armassem para combater do Líbano aqueles que massacravam seus irmãos.

As mesmas críticas ao Hezbolah podem ser estendidas ao governo iraniano. Ambos, porém, são os únicos da região que até hoje se negam a reconhecer o Estado de Israel. O resto dos governos da região ou são cúmplices diretos ou estão em negociações com Israel, como é o caso de Síria.

Hamas tem o grande mérito de ter encabeçado a resistência, mas deveria ter chamado todo o povo árabe a se levantar contra a agressão, única garantia de acabar com o Estado de Israel.

Continuar a mobilização internacional até acabar com toda a agressão israelense
Israel não pode controlar a Faixa de Gaza, mas isto não vai impedir de seguir massacrando a população palestina. Já vimos como no Iraque e no Afeganistão as tropas imperialistas continuam realizando bombardeios e matanças nas zonas onde não foram capazes de controlar militarmente. Em Gaza há um cenário parecido.

Nos últimos anos, os bombardeios “seletivos” israelenses mataram mais palestinos que a guerra dos 22 dias. O bloqueio de alimentos, combustíveis e medicamentos estão matando lentamente a população. Agora desapareceram da grande imprensa ocidental os bombardeios sionistas, mas a agressão e o genocídio continuarão.

A LIT chama a continuar a mobilização internacional até a retirada completa das tropas de toda a Faixa de Gaza, o fim dos ataques aéreos e do bloqueio e abertura das fronteiras.

A destruição de Israel está mais próxima
A barbárie israelense em Gaza demonstrou novamente que todos os milhões de dólares não bastam para derrotar o povo palestino que luta por sua sobrevivência. A mobilização internacional golpeou o Estado de Israel. Os sionistas têm dificuldades em levantar sua voz. A humanidade contemplou todo o horror que eles cometeram. Os milhões que se mobilizaram não voltarão a ter uma postura “neutra” ante o genocídio.

Todos viram que, como o nazismo, o sionismo quer destruir e expulsar uma população de seu legítimo território, simplesmente por serem árabes mulçumanos, considerados como uma raça inferior pelos sionistas. Os bombardeios não são indiscriminados, são contra a população, de forma consciente. Chegaram a bombardear um edifício onde haviam obrigado dezenas de palestinos a se refugiaram, sob a ordem de não saírem do prédio. Não são câmaras de gás, mas o princípio é o mesmo.

No apartheid, a África do Sul racista mantinha os bantustões, guetos criados para isolar a população negra. Os guetos e o apartheid de ontem são os territórios palestinos de hoje, utilizados não só para segregar, mas também para facilitar os bombardeios sem que se afete a população judaica.

É necessário que se mantenha uma campanha permanente pela destruição do Estado de Israel. O boicote internacional que se conseguiu impor ao governo do apartheid na África do Sul foi determinante para que as massas negras pudessem derrubar esse regime. Agora temos que seguir exigindo dos governos de todo o mundo a ruptura de relações diplomáticas e comerciais com o regime nazi-sionista de Israel.

São Paulo, 23 de janeiro de 2009

Post author Secretariado Internacional da LIT (QI)
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