Neste ano, o PSTU esteve nas greves e construiu as marchas nacionais, pela ruptura com a CUTEm 2004 comemoramos dez anos da fundação do PSTU. E nada melhor para essa festa que o comentário que corre o país, identificando o PSTU como o partido das lutas, ocupando o espaço que no passado pertenceu ao PT. Nossas bandeiras vermelhas estiveram presentes nas lutas mais importantes dos trabalhadores de todo o país.

Três símbolos podem resumir o PSTU em 2004:

A nossa presença nas greves de diversas categorias, que pode ser simbolizada na intervenção na greve bancária, em que nossos militantes foram parte fundamental da oposição bancária que dirigiu na base a greve, contra a direção governista da CUT.

As marchas a Brasília, que começaram com a da Conlutas de 16 de junho, a maior mobilização nacional contra o governo Lula de 2004 (20 mil pessoas), e a marcha conjunta de 25 de novembro, em unidade com outras forças.

O chamado à ruptura com a CUT e a construção do Conlutas, que tem uma imagem clara como a assembléia metalúrgica de São José dos Campos (SP), que, com toda a democracia (o representante da direção da CUT teve o mesmo tempo que o da Conlutas) votou pela desfiliação da CUT com mais de 90% dos votos.

Nas lutas

Em março, houve o Encontro Sindical Nacional contra as Reformas Sindical e Trabalhista, do qual surgiu a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas). Em abril, um encontro em Jacareí (SP) lançou a Coordenação das Lutas dos Movimentos Populares (CLMP). Em maio, no Encontro Nacional contra a Reforma Universitária, realizado no Rio de Janeiro, surgiu a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute). Tais organizações provam que é possível organizar nacionalmente as lutas contra o governo e suas reformas e que, para isso, é preciso passar por cima das direções ultrapassadas.

Em 16 de junho, o primeiro ato realizado pela Conlutas levou 20 mil ativistas a Brasília em protesto contra as reformas.

Após a marcha, o partido iniciou um chamado à ruptura com a CUT. De lá até o período eleitoral, greves como a de bancários, dos servidores públicos, dos servidores do Judiciário, dos professores em Santa Catarina, entre outras, explodiram pelo país, mostrando que muitos já não confiam mais nas instituições burguesas e suas eleições e buscam na mobilização a solução para seus problemas.

Durante as eleições, que apenas privilegiam os que já detêm o poder, nosso partido ocupou seu espaço colocando-se a serviço das lutas que eclodiam pelo país. Lançamos nossas candidaturas, denunciamos que as eleições não mudam a vida dos trabalhadores, apontamos para a necessidade de lutar contra esse governo. Após as eleições, a Conlutas e a Conlute se colocaram a serviço da organização da Marcha a Brasília contra as reformas, em 25 de novembro. Na mesma marcha, fizemos um chamado à ruptura com a UNE.

Em todos os momentos políticos que marcaram 2004, o PSTU esteve à frente e a serviço das lutas da classe trabalhadora. Nossos jornais, nossos programas de televisão, bandeiras, materiais e toda nossa militância esteve voltada aos processos de mobilização e à formação de embriões de alternativas de direção da classe trabalhadora.

Um partido revolucionário

Sabemos que somos poucos, que para construir e dirigir uma revolução no país é preciso um partido revolucionário que será construído em um amplo processo de fusões e rupturas com outros setores revolucionários.

Por isso, durante o ano em que muitos dirigentes traíram os trabalhadores, em que muitos se decepcionaram com o PT e com o governo, também chamamos à construção de um novo partido, maior que o nosso, que aglomerasse os ativistas descontentes, que se propusessem a unir forças numa alternativa revolucionária.

Expressamos a necessidade de que a discussão programática e o caráter do novo partido deveriam ser discutidos com a base. Infelizmente, os parlamentares expulsos do PT resolveram montar um novo PT, excluindo-nos burocraticamente do processo. Estão construindo o P-SOL que já nasce com objetivos eleitoreiros: nasce com a estratégia de lançamento de Heloísa Helena a presidência, da mesma forma como o PT teve por anos e anos a estratégia de eleição de Lula, e deu no que deu. Em 2004, o P-SOL apoiou nas eleições municipais partidos governistas como o PCdoB no Rio de Janeiro, o PPS de Ciro Gomes em Maceió (AL), o PTC (de direita, que já teve Collor e Pitta) em Goiânia (GO), já demonstrando sua proximidade com os métodos do PT.

Apenas começamos…

Nossa batalha pela construção de um partido revolucionário já é bastante antiga. As origens desse partido já têm 30 anos, desde a formação da Liga Operária em 1974. Sempre defendemos a necessidade de construir um partido revolucionário que possa dirigir a classe trabalhadora quando se colocar a possibilidade de lutar pelo poder político através de lutas revolucionárias.

Esse partido, segundo nossa visão, deve ser um partido para a luta e não um partido eleitoral; um partido que tenha como programa a revolução socialista mundial; um partido empenhado na construção de uma organização internacional dos trabalhadores e um partido baseado no centralismo democrático, forma de organização adotada pelo Partido Bolchevique para tomar o poder na Rússia em 1917. Esse é o tipo de organização que estamos construindo hoje.

Achamos que estamos no caminho certo, que cada vez mais o PSTU é reconhecido como um partido das lutas, mas ainda há muito que fazer. As lutas ocorridas em 2004, nossa atuação e os ataques sofridos pela classe trabalhadora mostram que fizemos muito e que tudo isso deve nos impulsionar para que em 2005 prossigamos essa história de lutas.

Post author Yara Fernandes, da redação
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