Os seminários regionais para debater o processo de reorganização têm atraído boa representação das entidades e movimentos que ajudam na construção de uma nova ferramenta classista e de luta para a classe trabalhadora brasileira.
A defesa do caráter sindical e popular, com a participação dos movimentos estudantis e de luta contra a opressão na nova entidade, tem recebido bastante apoio no debate. A Conlutas foi a única entidade que teve representação em todos os encontros realizados até agora.

Em Fortaleza (com 95 participantes), Teresina (45), Curitiba (45), Uberlândia (70), Porto Alegre (120), Natal (120), Macapá (70), Santos (60), Recife (75), Florianópolis (150) e Brasília (55) já ocorreram os encontros.

O seminário realizado no Amapá, no extremo norte do país, é um bom exemplo a ser seguido. A comissão organizadora visitou vários sindicatos às vésperas do encontro e ainda “cavou” espaço na grande imprensa para divulgar o evento.

Representantes da Conlutas e da comissão organizadora foram entrevistados, ao vivo, num programa de televisão bastante popular entre os trabalhadores.

Das 70 lideranças sindicais, do movimento popular e da juventude que se reuniram na Universidade Federal do Amapá no dia 17 de setembro, estavam representados sete sindicatos e a oposição sindical “Alternativa na Educação”, que chegava de um importante e vitorioso ato público durante a paralisação dos servidores na cidade de Santana.

Proposta
O grupo que representa a Conlutas apresentou, na última reunião da comissão para a reorganização, um documento intitulado “Avançar no debate e nas condições para a unificação”.

O texto desenvolve a posição majoritária no interior da Conlutas, mas seu principal mérito é fazer um gesto político perante as demais organizações da comissão, apontando alguns elementos que podem ajudar na superação das divergências estabelecidas.

A polêmica sobre a composição da nova central, fundamentalmente, é se dela devem participar os movimentos populares, da juventude e de luta contra a opressão. Mas essa discussão tem sido colocada de forma errada e com desconhecimento da experiência vitoriosa desenvolvida pela Conlutas, em algumas falas de companheiros da Intersindical e do MAS (Movimento Avançando Sindical, dirigido pelos prestistas).

Não se trata de um debate meramente organizativo. Uma central com a composição que temos defendido significa, neste momento, a unidade de todos os setores explorados e oprimidos que têm interesse na luta pela transformação socialista em nosso país.
É impossível pensar num projeto de mudança socialista abrindo mão da disputa, contra os patrões e os governos, da consciência e direção desses segmentos de trabalhadores, que não se organizam diretamente nos sindicatos.

Esta é a razão fundamental pela qual a Conlutas considera que não tem sentido nós desenvolvermos todo este esforço para a unidade e começarmos por não incorporar organicamente este ou aquele setor, esta ou aquela manifestação da luta dos explorados e oprimidos que escolheram se colocar sob as bandeiras da classe trabalhadora e do socialismo.

Concretamente, consideramos indispensável a presença, na nova central, dos militantes do MTST, MTL, MUST, Terra Livre, MPRA, Resistência Camponesa, Conlutas no Campo, Mulheres em Luta, Quilombo Raça e Classe, Anel e outros que queiram se somar.
E estamos dispostos a buscar as mediações necessárias para evitar distorções, já que assim entendem os companheiros da Intersindical e do MAS, na composição da direção da entidade.

Essa concepção não é sequer exclusiva da Conlutas. Encontra-se expressa nos textos de outras organizações, sob a forma da defesa dessa unidade no futuro (caso do MAS) ou sob a forma da construção do que denominam “bloco histórico”, no caso de algumas correntes da Intersindical.

Premissas para a construção de um acordo de unidade
O texto apresenta três posições concretas para avançar na superação do impasse. Em primeiro lugar, as organizações que representam a classe trabalhadora devem ter ampla maioria na nova entidade. Já é assim na Conlutas, e é o que defendemos na nova central. Isso significa concretamente limitar a participação estudantil a um percentual (como ocorre na Conlutas) ou estabelecer uma representação fixa na direção.

Em segundo lugar, podemos e devemos estudar fórmulas que impeçam a dupla representação dos movimentos contra as opressões, mas garantindo a presença na composição da entidade.

Por fim, precisamos avançar na definição da maneira de participação das organizações do movimento popular. Essa forma pode ser diferenciada da representação sindical, mas com a representação eleita desde a base dos movimentos e entidades.
Novamente, o debate fundamental que se coloca diz respeito à concepção programática e de estratégia da entidade que nos propomos a construir. A unidade dos movimentos sindical, populares, estudantis e de luta contra as opressões numa mesma entidade prepara as condições para as grandes batalhas que teremos pela frente, no rumo da transformação socialista que defendemos na sociedade.

Se superarmos o impasse neste terreno, temos a convicção de que não serão problemas organizativos que se colocarão como empecilhos à construção da unidade orgânica entre as entidades e movimentos que compõem a comissão para a reorganização.
Este tema será um dos principais pontos da pauta da reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, que acontece de 2 a 4 de outubro, em São Paulo.

Post author Sebastião Carlos “Cacau”, membro da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas
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