A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é uma imposição do imperialismo norte-americano aceita pelos governos entreguistas da América Latina. Em 1991, Bush pai, então presidente dos EUA, lança a idéia de implementar um amplo acordo de liberalização comercial e financeira hegemonizado pelos EUA, envolvendo todos os países do continente americano (com exceção de Cuba). Em 1994, na reunião de Cúpula de Chefes de Estado das Américas ocorrida em Miami (EUA), iniciaram-se as negociações para a sua implementação. Desde então, elas estão avançando e podem ser concluídas no próximo ano.

Os Estados Unidos esperam que a Alca lhes assegure o maior mercado disponível para seus produtos. Afinal de contas, a América Latina tem mais de 800 milhões de habitantes. Em suas bases formais, o acordo pressupõe o fim de todas as restrições às importações, o que significa um aumento extraordinário das exportações norte-americanas – maior economia do planeta – elevando o desemprego e a miséria dos países latino-americanos. No entanto, o propósito da Alca é bem mais amplo. Pretende abrir para as empresas norte-americanas os setores de serviço, como saúde e educação, liberar o acesso à biodiversidade e fontes energéticas, além de aprofundar a liberalização financeira, tornando os países cada vez mais dependentes dos especuladores internacionais. O livre fluxo de capitais e produtos permitirá que empresas sejam fechadas num país para abrir em outro, onde os salários sejam mais baixos e o trabalho, mais precário. Dessa maneira, o índice de desemprego no país – hoje em torno de 20% poderá alcançar cifras de 50%, como em dezenas de países na África e na América Latina.

Petróleo, gás e riquezas naturais como os da Amazônia passarão a ser consideradas “propriedades hemisféricas”, leia-se, norte-americanas. A Justiça será adaptada à “livre concorrência”, com a instalação no Brasil, e em outros países, de um fórum privado estrangeiro. Ele passará por cima da justiça normal do país e não fará distinção entre investimentos estrangeiros e públicos, concedendo às multinacionais o mesmo direito de investimento público que qualquer escola, hospital ou outro serviço.

Dessa forma, a Alca vai liquidar com a soberania nacional e levar à explosão de crises nos serviços públicos de saúde e educação, pois qualquer investimento estatal nessas áreas pode ser acusado pelas empresas estrangeiras de “concorrência desleal”.

Dívida externa é corda no pescoço

A estratégia de recolonização imperialista também se baseia no pagamento da dívida externa, responsável por grande parte da transferência das riquezas dos países latino-americanos para as mãos do imperialismo. Com o mecanismo da dívida, o FMI submete a política econômica dos países devedores, colocando todo o seu orçamento e sua economia a serviço do pagamento de juros. Todo o esforço econômico do país, o corte nos investimentos públicos para fazer economia (o chamado superávit primário) e o direcionamento das exportações é voltado para o pagamento da dívida.

Os técnicos do FMI insistem em dizer que todas essas medidas são necessárias para resolver a crise econômica dos países latino-americanos. Na verdade, todo esse esforço visa a fazer com que nossas economias trabalhem para resolver a crise econômica do imperialismo. Os EUA são o país mais endividado do mundo! Para resolver seu problema e manter a boa vida dos multimilionários americanos, amigos de Bush, os EUA exigem a abertura dos mercados latino-americanos aos seus produtos. Essa é a grande jogada da Alca.

Post author Jeferson Choma, da redação
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