A última pesquisa CNI-Ibope confirma o que se pode observar nas ruas. O prestígio de Dilma continua alto. Nada menos do que 71% das pessoas entrevistadas apóiam o governo. Mesmo depois da queda de cinco ministros por corrupção, ou mesmo assumindo medidas como o corte de R$ 50 bilhões nos gastos públicos, ela mantém sua popularidade. Dilma continua capitalizando o crescimento econômico e o apoio das principais direções do movimento de massas: CUT, Força Sindical, PT, PCdoB, UNE e MST.

A maioria dos trabalhadores acredita que Dilma é um governo dos trabalhadores e se sente representada por ela. Infelizmente, isso não é verdade. Deveriam tirar conclusões das experiências dos que entraram em greve. Greves justas, em luta por aumentos salariais. Uma parte importante desses trabalhadores tem como adversário o próprio governo, como no caso dos Correios ou dos trabalhadores dos bancos estatais, Banco do Brasil e Caixa Econômica.

Se Dilma fosse de verdade um governo dos trabalhadores, como você acha que ela deveria encarar as greves? Logicamente deveria apoiá-las, certo? Mas ela não apoiou. Então, pelo menos não deveria reprimi-las para manter a coerência da origem do PT e da CUT, certo? Mas não é isso que está acontecendo.

Ao contrário, o governo orientou o corte do ponto nos grevistas dos Correios e entrou na justiça contra a greve. Os bancários têm que enfrentar o “interdito proibitório”, uma manobra jurídica do governo e dos banqueiros para impedir e reprimir os piquetes.

Dilma tem essa postura, como parte da atitude da burguesia, preocupada com a evolução da crise econômica internacional. Querem negar aumentos reais para defende os lucros ainda maiores para as empresas, na preparação para prováveis efeitos da crise no Brasil.

Não é por acaso que Dilma tem essa posição. Em cada passo de sua administração vemos laços fortíssimos do governo com as grandes empresas. Já vimos como o governo apoiou a privatização do Correios, para formar a “Correios S.A.”. Já vimos como Lula e Dilma ampliaram a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo, beneficiando os banqueiros.

A dureza do governo se enfrenta com a radicalização dos trabalhadores, que querem aumentos salariais. O choque da base com o governo é tão forte que, em uma passeata unificada dos trabalhadores dos Correios e bancários em São Paulo, dirigida pela CUT governista, os trabalhadores cantavam: “A greve continua; Dilma a culpa é sua”.
Evidentemente, não se pode confiar nas direções sindicais governistas da CUT e da Força Sindical. Estão à frente das mobilizações para poder freá-las mais adiante. Falam contra a política econômica do governo para poder dirigir os trabalhadores revoltados. Mas, assim que puderem vão dar um golpe no movimento para poder servir ao governo. O discurso deles nas greves é só uma adaptação à radicalização de sua base.

Temos de apoiar os trabalhadores em suas greves e exigir de Dilma a anulação da privatização dos Correios e a estatização do sistema financeiro.

E agora os petroleiros
A Petrobras é uma estatal considerada pelo povo brasileiro como motivo de orgulho. Não só por sua importância econômica, mas pela conquista da auto-suficiência em petróleo. Agora, com o pré-sal, existe uma expectativa de que isso possa alavancar o crescimento do país e melhorar a vida do povo.

No entanto, a verdade é outra. A empresa está sendo privatizada desde os tempos de FHC. Lula e Dilma seguem nessa toada com os leilões que, agora, vão se estender ao pré-sal.

O povo brasileiro não está sendo beneficiado com a auto-suficiência no petróleo. O preço do combustível é caríssimo, em uma situação bem diferente de outros países ricos em petróleo. A gasolina poderia custar menos de R$ 1, mas o povo tem de pagar caro porque o lucro vai para os acionistas estrangeiros.

Os trabalhadores tampouco serão beneficiados com a exploração do pré-sal. É verdade que vão se gerar lucros gigantescos, mas os acionistas estrangeiros são os que vão enriquecer ainda mais. Isso já é assim hoje. A região de Campos, no Rio de Janeiro, de grande produção de petróleo, tem os mesmos índices de miséria de todo o país.
Os petroleiros estão em campanha salarial. As direções sindicais da Federação Única dos Petroleiros (FUP) querem evitar a luta, para ajudar o governo Dilma. Para isso está tentando aprovar um acordo rebaixado, sem aumento salarial e sem luta.

Vamos apoiar a justa luta dos petroleiros para ter aumentos reais em seus salários. E exigir de Dilma uma Petrobras 100% estatal para que possamos reverter seus lucros em benefícios para o povo brasileiro.