Está ocorrendo uma rápida mudança nos grandes centros operários do país. Há três meses, a crise econômica era algo abstrato, distante. Hoje, a crise está presente nas férias coletivas, na suspensão de turnos de trabalho e no início das demissões.

Um clima de insegurança no futuro já começa a tomar conta dos trabalhadores. Pouco a pouco vão acordando para uma nova situação e percebem que algo grave começa a se passar. Sabem pelo noticiário na TV que a crise segue. Mas ainda não têm idéia de sua real dimensão, suas causas e o que fazer para reagir.

E a crise é grave. A recessão já atinge a maioria dos países imperialistas. A indústria automobilística norte-americana está falida e necessita da ajuda do Estado para seguir existindo. A possibilidade de uma depressão mundial está colocada na realidade.

Em várias partes do mundo, as lutas já começaram. Um bom exemplo vem dos trabalhadores da Nissan, automobilística japonesa instalada na Espanha. Frente ao anúncio da demissão de 40% dos operários da empresa, eles vêm fazendo seguidas mobilizações que incluíram um radicalizado enfrentamento na sede da fábrica.

A Conlutas está fazendo um amplo chamado para uma luta unitária contra as demissões.

O governo Lula fez e faz de tudo para adormecer a consciência e evitar qualquer reação do proletariado. Primeiro disse que as conseqüências seriam imperceptíveis. Agora, está afirmando que o pior já passou.

A direção da CUT também se esforça para proteger o governo e a patronal. Querem que o desgaste causado pela crise não atinja Lula. A última iniciativa da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC mereceria um prêmio humorístico, caso não se tratasse de algo grave. Simplesmente, recomendam aos metalúrgicos desligar a TV (para não ver o noticiário) e consumir bastante nas festas, para evitar que a economia entre em crise.

Ou seja, para proteger o governo Lula e a patronal, ao invés de lutar contra as demissões, propõem que os trabalhadores comprem mais. Além de burocratas, são irresponsáveis, por chamar os trabalhadores a se endividar no início de uma grave crise.

No pólo oposto, está a Conlutas, lançando uma grande campanha contra as demissões e por estabilidade no emprego. As palavras-de-ordem que começam a ser levadas às fábricas são: “nenhuma demissão, estabilidade no emprego” e “se demitir, vamos parar”. Junto com isso, exigências ao governo Lula para decretar a estabilidade no emprego. Isso se completa com um programa pela estatização de bancos e empresas que demitirem, sob controle dos trabalhadores.

A Conlutas é contra que o governo entregue dinheiro para empresas em crise. Ao contrário do que se diz, este não é um dinheiro que sirva para evitar a crise, mas para enriquecer ainda mais os empresários.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e os sindicatos da Conlutas da Vale já começaram esta campanha na base. Estão sendo programadas assembléias para discutir a luta junto com os trabalhadores. É hora de preparar a reação contra as demissões em todas as regiões do país.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 362
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