Ahmed Saadat, da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), foi levado da prisão de JericóUma ação, no mínimo, provocativa está em curso na Palestina. No dia 14, o exército de Israel realizou uma incursão militar na prisão de Jericó. A prisão estava sob o controle da Autoridade Nacional Palestina (ANP), e abriga vários prisioneiros políticos acusados de cometerem crimes contra Israel e “desestabilizarem” os acordos de paz. O objetivo da operação militar, que durou mais de dez horas, destruiu a prisão e deixou três palestinos mortos, foi a captura de nove presos políticos. Entre eles estava um dos líderes da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat, acusado de comandar o assassinato do ministro do Turismo israelense.

A ação militar foi iniciada pouco depois que soldados norte-americanos e britânicos, que mantinham Saadat sob custódia, abandonaram a prisão. Desde 2002, com o Acordo de Ramalah, entre a ANP e Israel, militares anglo-americanos faziam a segurança do local. Depois de uma inspeção da ONU, entretanto, foi declarada a “insegurança” do local. Foi a senha dada para ação do exército israelense. Senha fornecida, ressalte-se, pela própria ONU, cujo papel nunca foi o de “promotora” da paz na região.

Saadat e os prisioneiros foram levados para local desconhecido. Nenhuma autoridade israelense se pronunciou sobre o assunto. O advogado de Saadat, Daniel Machover, declarou a BBC que seu cliente “nunca foi formalmente acusado por nenhum crime e corre o grave risco de sofrer uma execução sumária” .

A arbitrária ação militar israelense desatou a fúria dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Mesmo o atual presidente da ANP, o moderado Mahmoud Abbas, criticou a ação israelense por ter se dado “sem aviso prévio”.

No dia 15 de março, uma greve geral foi deflagrada. Em várias cidades, o comércio e os transportes foram paralisados. Dirigentes da FPLP prometeram revidar contra Israel. Kayed Al-Ghoul, um dirigente da Frente em Gaza, desse que o grupo “não ficará atado de manos contra o seqüestro israelense de nosso camarada Saadat“ .

Sangue por votos
A provocação israelense visa desestabilizar o governo do Hamas. Recentemente dirigentes da organização anunciaram que libertariam Saadat para que ele ocupasse seu cargo no parlamento palestino.
Outra motivação para o ataque à prisão são as eleições legislativas israelenses, que serão realizadas no dia 28 de março. Não por coincidência, a provocação contra os palestinos ocorre justamente quando o primeiro-ministro, Ehud Olmert, do partido Kadima, despenca nas pesquisas eleitorais.

O Kadima teme o crescimento eleitoral dos partidos de extrema-direita nas eleições, por isso intensificam suas pressões contra o Hamas.

Assim, o Estado policial de Israel realiza seqüestros, assassinatos seletivos contra dirigente palestinos e joga seus mísseis e tanques contra a população de Gaza e da Cisjordânia. Mesmo a Anistia Internacional, declarou que está “muito preocupada” com a segurança dos palestinos após as provocações. A Anistia reitera também seu chamamento para que Israel “termine sua política de assassinatos e uso excessivo da força letal”.

A ação de Israel foi uma exibição de brutalidade com o propósito de aumentar a quantidade de votos para o partido dominante da política do país. O objetivo de Tel Aviv é provocar os palestinos para justificar ações militares em Gaza e na Cisjordânia, desestabilizando assim o governo do Hamas. Trata-se de uma sinistra campanha, na qual a proporção de sangue derramado do povo palestino poderá se reverter em votos ao partido dominante nas eleições israelenses.