Para construir uma alternativa à CUT e Força Sindical, o PSTU, setores independentes, grupos ligados à esquerda do PT e outros do P-SOL estão empenhados na construção da Conlutas.

As correntes ligadas à esquerda da CUT e à CSC dizem que isso é “sectarismo” e “divisionismo”. Para eles, a estratégia correta é lutar pela conquista de uma maioria “por dentro da CUT”. O resultado da Plenária Nacional da CUT demonstrou o completo fracasso dessa estratégia.

A degeneração da central é um fato inquestionável. Esse fenômeno é típico de época imperialista. O capital monopolista tende cada vez mais aproximar e vincular as organizações dos trabalhadores ao poder estatal, levando-as à degeneração. Por vezes, essa degeneração é tão brutal que a esquerda se vê diante do dilema de ter que escolher entre permanecer dentro das antigas organizações que se degeneraram ou romper com elas. Tudo depende se os trabalhadores já começaram ou não a procurar caminhos alternativos.

Assim, os trabalhadores da Venezuela se viram diante da necessidade de fundar a União Nacional dos Trabalhadores (UNT), quando a Central dos Trabalhadores da Venezuela (CTV) se tornou um ponto de apoio da burguesia reacionária.

Uma história que se repete
No Brasil, no fim dos anos 70 e início dos 80, ocorreu algo semelhante. Como reflexo da retomada das lutas operárias no país, surgiram importantes diferenças no movimento sindical sobre a relação com o Estado, com os patrões e a democracia.

`LulaEssas diferenças se tornaram irreconciliáveis. A antiga estrutura sindical era um obstáculo para o avanço das lutas. Os trabalhadores começaram então a dar as costas às velhas direções. A intransigência dos velhos pelegos precipitou a divisão no movimento sindical brasileiro.

A CUT surgiu após a divisão definitiva da Comissão pró-CUT eleita no I Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora), a partir do debate sobre a realização de um congresso para fundar a nova Central.

A Unidade Sindical (ligada ao PCB e PCdoB), privilegiando a aliança com os pelegos, recusou-se a marcar o congresso de fundação da nova central. Exatamente como a esquerda da CUT hoje, defendia a “unidade do movimento”, acusando os que queriam fundar a CUT de “divisionistas”.

O congresso de fundação da CUT ocorreu em agosto de 1983. A Unidade Sindical, junto com os pelegos, o boicotou e fundou a Conclat (Coordenação Nacional da Classe Trabalhadora), que, em 1986, deu origem à CGT, e depois também à Força Sindical.

O papel da CSC e da esquerda da CUT
São claras as semelhanças entre o papel que a Unidade Sindical cumpriu durante o processo de fundação da CUT e o atual papel que a CSC e a esquerda da CUT desempenham na reorganização atual.

Para a CSC, o processo de adaptação da CUT “não justifica a atitude precipitada e sectária do PSTU”. Assim, ela repete o mesmo erro histórico de ter permanecido na Conclat e depois na CGT, só entrando na CUT oito anos depois de sua fundação. A esquerda da CUT comete o mesmo erro. A sua idéia de unidade é a unidade da CUT, não é a unidade dos trabalhadores para lutar. Hoje, por exemplo, para lutar contra a reforma Sindical é preciso romper com a central. Ao defender a unidade da CUT, terminam por se aliar aos pelegos, se enfrentando com os que lutam contra o governo.

Isso vem ocorrendo nas eleições sindicais, como nos bancários de São Paulo, em que a Articulação de Esquerda entrou na chapa da Articulação, em vez de unir-se à oposição, mesmo sabendo que a atual diretoria defende a reforma Sindical e traiu a greve nacional da categoria do ano passado.

Construção da Conlutas
A CUT dos anos 80 já foi destruída. Nela não resta mais nada de progressivo ou que seja digno de defesa. No governo Lula, houve um salto no processo de degeneração da central iniciado nos anos 90.

Os servidores federais em greve contra a reforma da Previdência foram os primeiros a compreender esse processo. Diante da traição da central, levantaram um cartaz dizendo: “A CUT não fala em nosso nome”. Após o recuo da greve, vários setores exigiram a suspensão do pagamento da mensalidade dos sindicatos à CUT, para, logo em seguida, exigirem a desfiliação da Central.

Hoje, dezenas de sindicatos já votaram a ruptura com a CUT e dezenas de outros estão no mesmo caminho. A ruptura com a CUT é um fenômeno objetivo, produto da experiência dos trabalhadores em luta. A direção majoritária da CUT já entendeu isso e sua reação foi acelerar a reforma Sindical com o objetivo estratégico de bloquear as rupturas. A Conlutas foi uma resposta em sentido oposto. Trata-se da construção de uma alternativa que busca desenvolver e canalizar esse processo de ruptura com a CUT.

Presas ao passado, as correntes de esquerda da CUT não vêem que, neste momento, a unidade da classe trabalhadora só é possível com a luta implacável contra os “colaboracionistas”. Hoje, o caminho da unidade que interessa aos trabalhadores passa pela ruptura com a CUT, o crescimento e a consolidação da Coordenação Nacional de Lutas.

Post author Paulo Agüena, da Direção Nacional do PSTU
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