Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o governismo da CUT, agora ele está estampado na cara do presidente da central. Neste 8 de julho, o presidente Lula nomeou Luiz Marinho, presidente da CUT, para o Ministério do Trabalho. O cargo era ocupado por Ricardo Berzoini, que retorna como deputado federal para o Congresso.

A Força Sindical, tão governista quanto a CUT, também ficou feliz com a nomeação. Mais do que isso, o próprio Paulinho, presidente da Força, ligou para o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) para pressionar pela indicação de Marinho.

Não foi só a Força que expressou alegria por essa nomeação. Também os empresários ficaram satisfeitos com a escolha, pois enxergam Marinho como um aliado, principalmente na aprovação da reforma Sindical e Trabalhista. O presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse que deseja sucesso a Luiz Marinho. Sobre o novo ministro, Skaf disse que “ele é um líder sindical de prestígio, com bom trânsito entre os trabalhadores, as lideranças patronais e empresariais e sempre tratou a questão do capital de trabalho de forma justa e honesta”.

Esse prestígio entre os representantes do empresariado nacional é fruto da política que a CUT vem encaminhando nos últimos anos. Luiz Marinho, como presidente da CUT, apoiou, entre outras medidas, a reforma da Previdência e o salário mínimo de fome do governo Lula. Também defendeu a proposta rebaixada na Campanha Salarial dos bancários e foi contra a greve dos metalúrgicos da GM, em 2003. Atualmente, a CUT realiza uma intensa campanha em favor da reforma Sindical e Trabalhista, que ameaça retirar direitos históricos dos trabalhadores. Caberá agora ao neopelego encaminhar a destruição de direitos como férias, 130 salário e FGTS.

Apagando o fogo
Marinho é nomeado justamente no momento de maior crise política do governo federal. A cada dia, a imprensa apresenta um dilúvio de corrupção que tem afundado Lula num mar de lama. Para socorrê-lo, o presidente chamou a CUT, que, por sua vez, atendeu prontamente. Assim que foi nomeado, Luiz Marinho deu entrevista autodenominando-se um “soldado” de Lula. “Assumo com a missão de ajudar o governo a sair dessa crise. O cenário é o que leva a esse convite”, admitiu Marinho.
Sua nomeação visa impedir o avanço das mobilizações que começam a surgir contra a corrupção do governo do mensalão. Uma eclosão das lutas sindicais pelo país afora poderia mudar a conjuntura e destruir a “blindagem” em torno de Lula contra as denúncias, hoje assegurada pela grande imprensa, pela oposição de direita e por Roberto Jefferson (PTB).

A CUT e o Estado
Desde o ano passado, diversos sindicatos vêm se desfiliando da central que, desde a posse do governo petista, se tornou um braço do governo no movimento sindical. A suspensão do pagamento de repasse à CUT já havia sido uma opção de diversas entidades do funcionalismo, desde a traição na aprovação da reforma da Previdência.
Há muito tempo, o PSTU, a Conlutas e muitos sindicatos do país já diziam que a CUT estava atrelada ao governo. Mais que isso, já dizíamos que essa era uma relação que ia além de ser com o governo, mas que a central já havia estabelecido uma ligação irreversível com o próprio Estado burguês. Isso se deu pela participação cada vez maior de inúmeros representantes sindicais em fundos de pensão e cargos oficiais. Entretanto, o que já enxergávamos naquele período, para alguns, ainda parecia nebuloso. Para escancarar esse entrelaçamento entre a CUT e o Estado e convencer os mais descrentes, foi preciso que a central se transformasse oficialmente em um ministério.

A nomeação de Marinho oficializa a relação da CUT com o governo e com o Estado. A central abandona o projeto de apoiar “por fora” para se integrar diretamente ao governo. O próprio Luiz Marinho não se envergonha em assumir isso: “Agora a gente muda o local da trincheira. Vamos para dentro do governo”, declarou Marinho.
A CUT, que já era governista, vira um departamento do governo no movimento sindical. Além disso, essa nomeação, assim como a postura de apoio ao Poder Executivo na crise, avaliza a corrupção no governo Lula. Antes mesmo da nomeação de Marinho, os principais envolvidos nos escândalos eram justamente os oriundos da direção da central, como Delúbio, Marcelo Sereno e Gushiken. Agora fica explícito o papel que hoje cumpre a CUT.

Mais do que um braço do governo no movimento sindical, a CUT está completamente integrada ao Estado e transformou-se em um ministério. Já não se pode distinguir quem é CUT e quem é governo.

Mais do que nunca, é preciso romper com a CUT!

Diante da nomeação de Marinho, não há como negar o governismo da CUT. A central não é somente uma entidade com uma política a serviço do governo, mas tornou-se parte do governo e do Estado.

Por isso, agora ficou escancarado o fato de que não há mais o que disputar por dentro da estrutura podre dessa central. É necessário romper com a CUT e se lançar no desafio de construir uma alternativa de direção da classe trabalhadora, que organize nacionalmente as lutas dos trabalhadores.

Chamamos a esquerda da CUT e todos os sindicatos que ainda estão nessa central a serem coerentes com suas lutas históricas, a romperem com a CUT e construírem a Conlutas. O movimento sindical combativo e conseqüente não pode vacilar diante disso. Essa central não fala em nome dos trabalhadores, fala em nome de um governo neoliberal!

Post author Cai a máscara da CUT. Luiz Marinho é o novo funcionário do governo Lula
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