No último dia 20, o jornal carioca O Globo publicou uma nota anunciando a fundação de um novo sindicato nacional de professores universitários. A iniciativa teria sido da CUT, tendo em vista, segundo o jornal, que os docentes estariam “descontentes com a atuação do sindicato nacional da categoria, a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes)”. A assembléia de fundação dessa nova entidade aconteceria na própria sede da CUT.

Esse é mais um ataque da CUT e dos governistas contra aqueles que seguem lutando, que não se venderam ao governo Lula. Faz parte de um pacote de arbitrariedades contra a livre organização sindical.

Um histórico de lutas contra o governo Lula
O Andes-SN desfiliou-se da CUT em 2004, em assembléia legitima e representativa da categoria. O sindicato nunca se rendeu aos ataques do governo Lula. Esteve à frente das principais lutas, como a mobilização contra a reforma da Previdência, em 2003, que se chocou diretamente contra o governo federal.

Como parte do funcionalismo federal, é uma categoria que sofre cotidianamente com a defasagem salarial imposta por Lula e com as inúmeras tentativas de retirada de direitos. Em momento algum, a entidade se vendeu. Pelo contrário, quando a CUT já não mais defendeu os interesses dos trabalhadores, rompeu com essa central e buscou uma alternativa de luta na Conlutas.

Essa prática da CUT não é novidade. Em São José dos Campos (SP), a CUT criou arbitrariamente o Sindaeroespacial, um sindicato fantasma para representar os trabalhadores da Embraer, mas que não representa ninguém. O sindicato legítimo da categoria é o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que se opõe à CUT e ao governo e, por isso, causa tanto incômodo.

Abaixo, publicamos a nota de esclarecimento do Andes sobre o ocorrido.

Nota de esclarecimento da diretoria do ANDES-SN sobre matéria veiculada no O Globo cuja abordagem é a criação de uma nova entidade
A propósito da matéria veiculada no jornal O Globo, edição do dia 20/08/08, intitulada “CUT fará assembléia para criar nova entidade em substituição à Andes”, vimos esclarecer a categoria e a sociedade em geral o seguinte:

1) O ANDES-SN é o legítimo representante dos docentes das Instituições de Ensino Superior no país. Mesmo ainda quando Associação, a Andes teve importante papel no processo de discussão política e de redemocratização do país durante a década de 1980. A partir da Constituição Federal de 1988, com a abertura política vivenciada pela sociedade brasileira, a categoria docente decidiu transformar a Associação em Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior do Brasil, formalmente registrado, reconhecido pelos sucessivos governos e pela sociedade brasileira, tendo sua representatividade legalmente reconhecida inclusive pelo Supremo Tribunal Federal. Portanto, sua legitimidade se expressa pelo reconhecimento de sua representação profissional e de sua contribuição com a produção crítica e defesa incondicional da Educação Pública, Gratuita, Laica e de Qualidade socialmente referenciada em todos os níveis.

2) Desde sua criação, mesmo ainda quando Associação, o ANDES-SN sempre se pautou pelos princípios da democracia em sua forma de funcionamento, com estrutura organizacional pela base, e da autonomia em relação ao governo, aos partidos políticos e às administrações universitárias. Democracia e autonomia têm sido princípios estatutários caros e diferenciais na nossa atuação política, e nunca nos filiamos nem nos deixamos pautar por orientações político-partidárias de qualquer bandeira. Assim, a referida matéria d´O Globo, ao afirmar que o ANDES-SN é vinculado a partidos de oposição ao governo, não expressa a verdade histórica e confunde a opinião pública, implantando nela uma leitura politicamente falsa e equivocada.

3) A propósito da iniciativa da CUT/Proifes quanto à criação de outro sindicato na mesma base de atuação do ANDES-SN, entendemos tratar-se de um processo cujas motivações políticas, além de não refletirem o movimento nem os interesses da ampla maioria das bases do nosso Sindicato, sugerem a conseqüente subordinação sindical aos interesses da CUT e de setores do governo, que vêem na domesticação e controle dos movimentos sociais e sindicais uma estratégia fundamental de controle político que favorece o projeto de governo e tem por objetivo enfraquecer a resistência dos trabalhadores em relação às propostas de reformas sindical e trabalhista.

4) Diferentemente do que afirma a referida matéria jornalística, o presidente do ANDES-SN é o Prof. Dr. Ciro Teixeira Correia, da USP, e não o Prof. Dr. José Vitório Zago, da UNICAMP, este o 1º tesoureiro do Sindicato.

5) Temos convicção de que a categoria docente, ciente gravidade do ataque e das implicações que sofrerá, saberá dar a resposta política necessária à tal iniciativa oportunista e divisionista, sobretudo no contexto de precarização das condições de trabalho, de afronta e ataques à atuação do nosso Sindicato e de diversos movimentos sociais no país. Por estas razões, reiteramos a conclamação a toda a categoria à defendermos o ANDES-Sindicato Nacional e o projeto de Educação e de Universidade democrática e historicamente construído ao longo dos quase 30 anos de nossa existência.

Brasília-DF, em 20/08/09
Diretoria do ANDES-SN