Em sua sede por defender o governo Lula a qualquer preço, as entidades governistas CUT e UNE se aproveitaram de um ato do funcionalismo estadual de São Paulo contra o governo Alckmin para fazer uma falsa platéia para o “fica Lula”.

O ato foi inicialmente chamado por entidades do funcionalismo estadual que estão em campanha salarial, como a Apeoesp, o Sintaema e o Fórum das Seis (organismo que reúne entidades de funcionários, docentes e estudantes das universidades estaduais). Não foi dito que a CUT ou a UNE estariam presentes ou convocariam a manifestação. As convocatórias divulgadas nas categorias presentes na manifestação diziam que aquele seria um “Ato Unificado dos Servidores Públicos em Defesa dos Serviços Públicos de Qualidade”.

Os manifestantes se concentraram no vão do Masp, na avenida Paulista, e, por volta das 13h, seguiram em passeata em direção à praça da República. Porém, quando a passeata saiu, o protesto já estava deturpado, pois CUT e UNE já haviam espalhado seus adereços governistas e ocupado o palanque.

“Foram mobilizados quatro ônibus da USP, com estudantes, funcionários e professores que iniciaram uma greve hoje. Quando chegamos lá, já estava um circo armado pela CUT e pela UNE, com faixas, cartazes, camisetas a favor do governo Lula”, conta Luanda Dessana, estudante de Letras da USP.

“O pessoal que foi se sentiu traído, sentindo que aquilo era uma desmoralização para o movimento de greve”, disse Luanda, que chegou a passar em diversas salas da faculdade chamando os estudantes para o protesto.

Fátima Fernandes, professora da subsede de Ribeirão Preto da Apeoesp, também expressou sua revolta com a manobra. “Viemos de várias cidades do interior para participar de um ato que achávamos que seria pelas reivindicações da categoria. Esse é um claro gesto de desespero de uma central desmoralizada que não consegue mais mobilizar”, afirmou Fátima, que se recusou a permanecer no ato governista.

As falas que foram feitas no caminhão de som quase não tocaram nas reivindicações do movimento de greve das universidades estaduais ou da campanha salarial dos professores estaduais.

As reivindicações esquecidas
O ato foi chamado com eixos como reposição salarial, extensão de gratificações aos aposentados, reajuste do auxílio-alimentação, melhores condições de trabalho, contribuição paritária do governo ao Iamspe e pela derrubada do veto de Alckmin ao aumento de verbas da Educação.

Geraldo Alckmin vetou a medida que permitia o aumento de recursos fixos para a educação. A elevação da verba destinada à educação está prevista na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o ano que vem, aprovada pela Assembléia Legislativa. O trecho do texto vetado por Alckmin diz que a verba para o ensino deveria subir de 30% para 31% do Orçamento. Dentro desse percentual haveria um crescimento da vinculação de verbas para a USP, a Unesp e a Unicamp, que passariam a receber 10% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), em vez dos 9,57% atuais. A votação na Assembléia Legislativa que pode derrubar o veto deve ocorrer na próxima semana.

Sobre o motivo de vetar o aumento de verbas, Alckmin teve a cara-de-pau de dizer que “não devemos cravar no orçamento um percentual mais alto, porque não me parece adequado o Estado engessar mais o dinheiro”.

Universidades em greve
O dia 26 foi o primeiro dia de greve da USP, com várias unidades paradas. Os estudantes também aderiram ao movimento grevista. Na Unicamp, os professores decidem no dia 31 se darão início à greve.

Na Unesp houve uma paralisação em alguns campi no dia 25. Novas assembléias estão marcadas para os próximos dias em várias unidades para decidir os rumos do movimento.

CUT falsifica informações
Além de usar os servidores estaduais para montar um falso palanque pró-Lula, a CUT se apressou em divulgar informações falsas sobre a manifestação. Foi publicado no site da central que o ato reuniu 30 mil pessoas e que o eixo da mobilização era a favor de Lula e contra o “golpe das elites”.

A polícia avaliou que havia 3.500 pessoas no ato. Independente do número, o fato é que a maioria dos presentes não sabia que aquele seria um ato pró-governo e se sentiu enganada. A CUT e a UNE provam, mais uma vez, que não têm limites para trair os trabalhadores e a juventude em favor deste governo corrupto.