Central se nega a prestar solidariedade a ativistas que ocupavam a prefeitura

Chamado pelas centrais sindicais, o dia 11 de julho de 2013 entrará para a história do país como um dia de luta dos trabalhadores contra o governo e os patrões. A pauta era contra o Projeto de lei 4330, que amplia as terceirizações; reduções de tarifa do transporte; maior investimento do PIB em educação e saúde pública; fim do Fator Previdenciário; redução da jornada de trabalho sem redução de salários; reforma agrária e a suspensão dos leilões de petróleo.

Em ao menos 23 estados, houve paralisações, bloqueio de estradas e manifestações de rua. Entretanto, na cidade de Bauru, interior de São Paulo, esse dia será lembrado pelos trabalhadores não somente pelas manifestações, mas também pela traição pública da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Articulados pelo grupo “Bauru Acordou” (que reivindica o passe livre), pela manhã um grupo de estudantes da UNESP, parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e outros grupos campesinos ocuparam o prédio da Prefeitura como forma de pressionar o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) a atender a justa reivindicação a respeito do transporte público de qualidade, passe livre imediato para os estudantes sem restrição de idade e retorno dos cobradores dentro dos ônibus.

Nós do PSTU entendemos que esta ocupação foi um equívoco. Em primeiro lugar porque descumpriu uma decisão de assembleia popular que deliberou pela marcha conjunta dos movimentos sociais com as centrais sindicais pela principal avenida da cidade. Em segundo lugar, mais uma vez o movimento “Bauru Acordou” atuou de forma fratricida, desvinculado das manifestações da classe trabalhadora que até então vem se mostrando solidária com suas reivindicações. Em, em terceiro lugar, os organizadores dessa ocupação desconsideraram o poder repressor da Polícia Militar, que poderia ter provocado uma tragédia, já que o número de militares era infinitamente superior ao número de ocupantes.

Entretanto, apesar de não concordarmos com o método da ocupação, diante de um ataque da PM e da pressão do governo Agostinho, que mandou cortar água e energia do prédio onde havia jovens, crianças e mulheres filhos e filhas da classe trabalhadora, o PSTU durante a passeata que se realizava pela Avenida Rodrigues Alves, propôs que os manifestantes marchassem até o Palácio das Cerejeiras onde estavam os ocupantes, como demonstração de solidariedade de classe diante de um inimigo comum: o governo Agostinho financiado pelas empresas de ônibus.

Diante de nossa proposta, o dirigente da CUT em Bauru, Sr. Francisco Wagner, mais conhecido como Chicão, em nome de sua central, se colocou contrário aos manifestantes subirem em marcha e se solidarizarem com os ocupantes. Sob os argumentos de que não se tem clareza sobre o que de fato querem os ativistas que ocupavam a prefeitura, que não estava na pauta acordada pelas centrais ir até a prefeitura e que isso era manipulação do PSTU e da CSP-Conlutas.

Burocraticamente desconhecendo que a luta de classes é mais dinâmica que as pautas acordadas pelas direções sindicais, a CUT dividiu o movimento em Bauru. A partir daí a marcha unificada rachou. Com a CUT e os cúmplices de sua traição ficaram a Força Sindical e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGBT). Mas ao contrário deles, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, a CSP-Conlutas, o PSTU, o PSOL, os trabalhadores da UNESP que estão em greve, o MST e um grupo de jovens independentes marcharam até a prefeitura onde foram recebidos pelos ocupantes com a seguinte palavra de ordem: “Trabalhador unido, jamais será vencido!”.

Por que a CUT se negou a apoiar os ocupantes?
Que a CUT é uma central traidora não é novidade. Desde o início do Governo Lula, passando pelo Governo de Dilma, a letra “T” na bandeira cutista significa “T” de traição aos trabalhadores. Mas dizer isso é muito genérico, vamos às determinações da traição pública da CUT/Bauru no dia 11 de julho: Desde o primeiro mandato de Agostinho a Central Única dos Trabalhadores, não só apoiou como também fez campanha para o prefeito, afinal a vice de Agostinho era e é ninguém menos que Estela Almagro, do PT.

Como um presentinho sórdido e sujo, o Governo Agostinho e empresários têm financiado as festas da CUT no 1º de maio. Ademais, a CUT foi compôs a primeira gestão de Agostinho. Basta lembrar que Claúdio Gomes, presidente do Sindicato da Construção Civil, foi secretário da Secretaria da Administração Regional (SEAR). Portanto, o argumento da CUT para não ser solidária aos ativistas que ocuparam o prédio da Prefeitura de Bauru é baseado na solidariedade de classe da Central Única dos Trabalhadores. Solidariedade que ela tem com o Governo Agostinho e Nenê Constantino, dono das empresas de ônibus que atuam na cidade.

Na luta entre explorados e exploradores, oprimidos e opressores, só se pode escolher um lado. A CUT e os que a acompanharam no dia 11 de julho de 2013 ficaram no meio do caminho, onde seguramente permanecerão pelo resto da história da luta de classes, pois entre os que realmente são conseqüente com a luta da classe trabalhadora não há espaço para vendidos e traidores !