O projeto de reforma Sindical, construído em comum acordo entre governo, empresários e dirigentes da CUT e da Força Sindical, tem como objetivo concentrar poderes nas cúpulas das Centrais para que estas ajudem na implantação da reforma Trabalhista, talvez a mais violenta das reformas neoliberais de Lula.

Com a reforma Sindical, as centrais poderão negociar e contratar em nome dos trabalhadores, sem a aprovação das assembléias dos sindicatos de base. Já na reforma Trabalhista o governo declarou que pretende acabar com o 13o salário e “discutir” o direito às férias.

Além disso, com essa reforma, quer-se impor a “lei do silêncio” ao movimento, com regras proibitivas para a criação de novos sindicatos “não-autorizados” pelas direções das Centrais. O governo poderá intervir nos sindicatos que se recusarem a “negociar”, lembrando os tempos da ditadura militar. Será um salto, da CUT e demais centrais, na burocratização e no atrelamento ao Estado.

Para a CUT, reforma já existe

A CUT está atuando como se a reforma já existisse, tornando-se mais truculenta, traidora e burocrática. Ações e traições inéditas em lutas e disputas sindicais estão ocorrendo, fatos que nos lembram a velha pelegada.

O caso dos Correios, em São Paulo, foi emblemático, tanto em relação ao “desmonte” da greve, como, posteriormente, nas eleições do sindicato. A greve ocorrida no final do ano passado foi fortíssima. A Articulação, ao defender um acordo rebaixado para preservar a política econômica de Lula/Palocci/FMI, foi derrotada pela base em assembléia massiva. Como precisava derrotar a greve nacionalmente, em acordo com o governo e a direção da empresa, deu uma coletiva à imprensa na sede da empresa dizendo que a greve tinha acabado. Tal “comunicado” foi difundido em emissoras de TV e de rádio do país, desmontando a paralisação. A revolta na base foi total.

Neste ano montou, junto com a empresa, a lista de sócios para as eleições do sindicato. Ao ver que a fraude pelas listas não garantiria sua vitória, a Articulação colocou centenas de “bate-paus” no local das urnas, expulsando fiscais das outras chapas e alterando os votos para ganhar “na marra”.

No funcionalismo, a CUT vem impondo “negociações” isoladas por categoria e rebaixadas, ao gosto do governo. Não esconde que defende o fim a CNESF (que unifica a luta do funcionalismo) e a construção de um ramo orgânico do funcionalismo “cutista”, que lhe permita impor o “sindicalismo de resultados” ou “propositivo”. Ou, melhor, pelego e neoliberal.

Post author Mariúcha Fontana, da redação
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