É possível que o capitalismo retorne pelas mãos dos mesmos dirigentes que fizeram a revolução? Certamente esse é outro debate muito polêmico na esquerda.
A maioria do povo cubano certamente mantém seu respeito pelo velho dirigente da revolução. No entanto, lamentavelmente, foi a própria direção castrista que levou novamente o capitalismo a Cuba.

Algo que já foi visto na história recente, como foi o caso da restauração do capitalismo na China, realizada pelas mãos daqueles que tomaram o poder em 1949. Na China foi possível restaurar o capitalismo, ou seja, modificar o caráter socioeconômico do Estado, sem mudar o regime político. Um caminho que está sendo também adotado pela direção castrista.

Visita de um especialista
Em 1979, o PC chinês, liderado por Deng Xiaoping (dirigente da revolução), iniciou a abertura econômica, estabelecendo zonas econômicas especiais para as multinacionais operarem livremente dentro do país.

Em seguida, pôs fim ao monopólio do Estado do comércio exterior, realizou privatizações e benefícios aos investidores estrangeiros.

Muitos analistas apontam que esse será o caminho adotado por Cuba. Uma opinião que é compartilhada até mesmo por intelectuais de esquerda como Heinz Dieterich, teórico do chamado “socialismo do século 21”, adotado por Hugo Chávez em sua “revolução bolivariana”.

“Acredito que haverá uma maior abertura da economia em direção ao modelo chinês”, disse Dieterich em entrevista à Folha de S. Paulo (21/02).
Na entrevista, Dieterich revelou que o último presidente da Alemanha Oriental, Hans Modrow (que operou a transição do país ao capitalismo europeu), foi chamado a Cuba por Fidel para conversar com funcionários do regime sobre como se deu a restauração do capitalismo no Leste Europeu.

Numa entrevista, Modrow comparou a situação cubana ao retorno do capitalismo no Leste Europeu: “exatamente o que está acontecendo agora [em Cuba] nós já experimentamos, já vivenciamos”. Ele ainda disse que esteve com altos funcionários do Estado cubano – inclusive o ministro da economia José Luis Rodríguez – que o questionaram: “como vocês fizeram em 1989?”.

A “via chinesa” é o caminho adotado pelo PC cubano para aprofundar a restauração. Na China, sob férrea ditadura do PC, os investimentos estrangeiros têm seu lucro garantido através da superexploração dos trabalhadores do país.

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