Primeiro Encontro Nacional LGBT será realizado entre 28 a 30 de junho, em São Paulo.

A eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos e minorias da Câmara Federal gerou dezenas de atos de norte a sul do país. Milhares de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, negros e mulheres conclamaram o conjunto da sociedade a chamar o “Fora Feliciano”.
Diversos artistas começaram a se posicionar contrários a Feliciano, com destaque para a cantora Daniela Mercury, que assumiu publicamente sua homossexualidade e mexeu com a opinião pública em todo o país. A aprovação do casamento civil para casais homoafetivos e agora a entrada de uma nova novela global que apresenta três personagens homossexuais em horário dito “nobre” mostra que esse tema está no cotidiano do país.
Os ativivstas que esteviveram nas ruas contra Feliciano estão também presente nas lutas contra o aumento das passagens, nas campanhas salariais e no movimento estudantil. A CSP-Conlutas, portanto, realiza um grande acerto político quando chama um Encontro Nacional para discutir esse tema sob essa conjuntura. Garantir um espaço político para que as entidades e movimentos filiados elaborem um programa que defenda os direitos dos trabalhadores LGBT é uma necessidade para uma central sindical que visualiza o socialismo como horizonte, e que concebe a aliança da luta contra a opressão e exploração como instrumento dos lutadores.

Lutar contra a exploração e contra a opressão
A exploração da força de trabalho no sistema capitalista é brutal. Com as privatizações e a flexibilização de direitos trabalhistas pretendido pelo Acordo Coletivo Especial (ACE), essa exploração se acentuará ainda mais. Para os setores oprimidos da sociedade, como os LGBTs, esse quadro fica ainda pior. Há muitos LGBTs em setores de trabalho precarizado, como telemarketing, empresas de terceirização e quarteirização, grande e pequeno comércio. Isso sem falar no assédio moral que assola boa parte dos LGBTs no ambiente de trabalho.
O racismo, o machismo e a homofobia cumprem o papel de dividir a classe, de jogar diferentes setores da classe trabalhadora uns contra os outros. Por isso, é preciso incorporar o combate a essas ideologias opressoras no dia-a-dia da luta dos trabalhadores contra a exploração.
Para nós do PSTU, é necessário que as organizações do movimento dos trabalhadores aproveitem o cenário nacional favorável e debatam o tema, apontando as seguintes questões:
1) O crescimento da homofobia. Há uma verdadeira escalada de violência no país. A cada ano há um novo recorde em assassinato de LGBTs, e para cada um que morre, milhares são agredidos, humilhados, alvo de piadas, ofensas e assédio.
2) Feliciano, representante da bancada evangélica, é quem preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. E por meio dela toma medidas que atacam a todos, como o projeto da “cura gay” e outras tentativas de derrotar nossas conquistas.
3) O governo federal não criminaliza  a homofobia, e Dilma segue sem dar qualquer declaração a respeito da homofobia ou dos direitos dos LGBTs. Além disso, o PT foi o partido que negociou com o partido de Marco Feliciano o cargo na Comissão de Direitos Humanos.
O Brasil é hoje o país com mais assassinatos homofóbicos registrados no mundo. Esta situação de homofobia é pior para os LGBTs da classe trabalhadora, que sofrem incontáveis vezes assédio moral e sexual nos locais de trabalho e não sabem como direcionar a denúncia. Como homofobia não é crime, não é registrada nos boletins de ocorrência, tampouco constitui legalmente um agravante para crimes de agressão ou assédio.

I Encontro LGBT da CSP-Conlutas é histórico
O I Encontro LGBT da CSP-Conlutas será realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho, em São Paulo. É a primeira vez que uma central sindical no Brasil convoca um encontro específico para fazer o enfrentamento da homofobia. A realização desse encontro marca o compromisso da CSP-Conlutas que, desde sua fundação, associa as lutas dos trabalhadores às lutas contra toda e qualquer forma de opressão. Se o machismo, o racismo e a homofobia dividem os trabalhadores, a luta deve uní-los. Para isso, estão dentro da central, o Movimento Mulheres em Luta (MML), o Quilombo Raça e Classe e o Setorial LGBT. E pelo mesmo motivo, o debate das opressões está tão vivo na ANEL, que faz parte da CSP-Conlutas.
O setorial LGBT tornou-se uma referência de luta para o movimento dos trabalhadores e para o movimento LGBT. Desde sua fundação, o setorial participa das paradas do orgulho LGBT em diversas cidades. Participou das quatro marchas contra a homofobia em Brasília e ajuda a central a organizar o combate à homofobia no interior das entidades sindicais, estudantis e no movimento popular.
Tudo isso culminou na organização de um encontro nacional. No evento, estarão presentes grandes figuras do movimento LGBT como Luiz Mott, presidente e fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), e de Carlos Magno, presidente da Associação Brasileira de LGBTs (ABGLT).
 

Post author Flávio Toni, da Secretaria Nacional LGBT
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