Hertz Dias

Membro da Secretaria de Negros do PSTU e vocalista do grupo de rap Gíria Vermelha

“Em toda minha história de militância eu nunca participei de uma plenária com tanta diversidade como essa aqui. Isso aqui tem que ser registrado, isso aqui é histórico”. A fala é de Osmarino Amâncio, histórico militante seringueiro, amigo de Chico Mendes, mas poderia ser de qualquer ativista presente na 2ª Plenária Operária e Popular que aconteceu nos dias 19 e 20, em São Luís (MA). Estiveram presentes 140 pessoas, representando 34 organizações sindicais, populares, de hip hop militante, comunidades rurais, indígenas, quilombolas, seringueiras, quebradeiras de coco, movimentos de luta contra as opressões de raça e gênero e de luta por moradia.

Em meio a tanta diversidade na forma de se organizar e de lutar, uma certeza tomou conta da plenária: a necessidade de fazer uma revolução no Brasil e no mundo e de fortalecer a CSP-Conlutas como ferramenta de unificação das lutas do campo e na cidade.

Na mesa de conjuntura, com o tema “Para onde vai o Brasil?”, que reuniu Claudicea Durans, do Movimento Quilombo Raça e Classe, e Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas, foi debatida a relação existente entre a situação econômica e social do Brasil com a crise mundial do capitalismo. Discutiu-se o aumento do desemprego, a violência no campo e na cidade. Também ficou nítido que não houve ausência das lutas nos últimos anos, mas sim traições das principais direções do movimento.

Esse debate retornou na mesa “Demandas e Tarefas do Movimento Operário e Popular”, composta por Silvinho, do movimento por moradia Luta Popular, Preta Lú, do Quilombo Urbano, Cleber Rabelo, operário da construção civil de Belém (PA), Naíza, do (Morem), Osmarino Amâncio, seringueiro do Acre, Naildo, do Moquibom, e Kutum, do povo indígena Gamela.

Osmarino lembrou que trabalhadores precisam organizar sua autodefesa contra o latifúndio no campo e contra o genocídio negro nas cidades. O quilombola Naildo disse que “para o Moquibom, não importa se era Dilma ou se é Temer no governo, se tiver que ocupar o Incra, nós ocupamos”. Muitas falas apresentaram valiosas contribuições políticas ao debate a partir das experiências concretas.

Na noite cultural de sábado, hip hop, reggae e tambor de crioula deram o tom.

No dia 20, teve grupos de trabalhos para discutir uma proposta de manifesto da plenária que apontasse a necessidade de realização de uma greve geral de 48 horas para derrotar Temer e suas reformas, aprofundar o caráter operário e popular da central em seu congresso e manter sua completa independência de classe. Muitas contribuições foram apresentadas e incorporadas ao texto final do manifesto, aclamado por todos os presentes.