Assembleia lotou Salão Nobre da Fac. de Direitao da USP

Leia abaixo uma reportagem da organização popular Batay Ouvriye (Batalha Operária) sobre a sua última visita ao BrasilDe 27 de outubro a 10 de novembro, um delegado de Batay Ouvriye esteve no Brasil convidado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas de Campinas, para informar sobre a situação do Haiti. Várias palestras foram dadas neste instituto e em alguns
Anfiteatros de Campinas (SP).

Depois, acompanhado pelos camaradas da CSP-Conlutas, o delegado esteve em outras
cidades brasileiras como: São José dos Campos, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Todas elas sempre denunciou a situação de repressão que as Forças Armadas da Minustah [força de ocupação da ONU liderada pelo Brasil] propiciam na contramão da população e dos movimentos de protesto, em particular. O ativista ressaltou que, nos últimos dias, se está dando abertamente um retorno do “duvalierismo”, com seus macabros mecanismos de repressão, tudo o controle e comando da Minustah.

De fato, não só o presidente Martelly está trabalhando para pôr de novo
em pé o velho e sanguinário exército Makout, como também
pensa em acompanhar por um serviço de espionagem (o SEM: Serviço de Inteligência Nacional) que reagrupará suas milícias que já estão funcionando como paramilitares. Ou seja, novamente ativando os mecanismos Makout da pior época dos Duvalier.

Aproveitando-se deste sério refluxo, os donos das fábricas têxteis já começaram a demitir os operários mais combativos, chegando a expulsar sem justificativa alguma quase a totalidade do comitê executivo de um sindicato recém fundado, o Sindicato dos Operários Têxtil e da Vestimenta (SOTA em creole).

Por outro lado, uma de nossas maiores ativas, Yannick Etienne, foi atacada por membros de um bando na cidade de Ouanaminthe, ao sair de uma manifestação.

A tudo isso, acrescenta-se o fato de que o atual premiê, Gary Conille, filho de um antigo ministro de Duvalier, Serge Conille, e recém aprovado pelo parlamento inteiro, não foi mais que o último chefe de gabinete do Sr. Bill Clinton na Comissão para a reconstrução do país. Há um maquiavélico complô tramando para superexplorar a força de trabalho da mão de obra a mais barata das Américas sob pretexto de “ajuda humanitária”.

Entre as palestras e manifestações de apoio, duas chamaram nossa atenção. A primeira foi a nossa participação no apoio aos estudantes da Universidade de São Paulo (USP), atualmente atacados pelas polícia militar dentro do campus da universidade (algo que não tinha ocorrido nem na época da ditadura militar). Entre a denúncia da situação haitiana, foi lembrado que as forças repressivas da polícia nacional e da
Minustah têm igualmente invadido a faculdade de medicina no Haiti, chamados pela reitoria e, na ocasião, jogando gases lacrimogêneos até dentro do hospital da Universidade do Estado, inclusive no edifício de maternidade.

A segunda participação foi em uma audiência em Brasília em frente à Comissão de Direitos Humanos do Senado, junto com veementes protestos dos Quilombolas presentes.

Para nós foi uma honra ter participado desta audiência/mobilização junto com os habitantes dos quilombos, descendentes destes tão valentes e valiosos seres humanos que demonstraram ao longo da historia grande capacidade de resistência.

Com respeito à situação haitiana (que comparamos então a um quilombo agora ocupado) entregamos uma carta aos membros da Comissão de Direitos Humanos do Senado.