Fila do desemprego em SP, e ao lado, algumas das empresas que lucraram em 2018
Redação

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Entre as trapalhadas e declarações estapafúrdias dadas pelo governo nos últimos dias, uma notícia no início da semana passou praticamente despercebida. Dias após as cenas da quilométrica fila de desempregados em São Paulo terem percorrido o país demonstrando o drama do desemprego, levantamento realizado pelo jornal Valor Econômico mostrou que o lucro das empresas praticamente dobrou.

O levantamento do jornal realizado entre as empresas de capital aberto mostra que o lucro líquido (as receitas menos os custos), foi de R$ 144 bilhões em 2018, o dobro do registrado no ano anterior. Esse resultado ocorreu em grande parte por conta de três gigantes: Petrobrás, Eletrobrás (que o governo quer privatizar) e a ex-estatal Vale que, mesmo com as tragédias criminosas como a de Mariana e Brumadinho, segue lucrando bilhões.  A mineradora lucrou R$ 25,7 bilhões no período, beneficiada principalmente pela recuperação do preço do minério de ferro no mercado internacional.

Tirando essas três empresas que turbinaram seus lucros devido ao mercado externo ou a venda de distribuidoras e operações financeiras como a Eletrobrás, o crescimento dos lucros das empresas não é menos impressionante. Desconsiderando essas empresas, as demais somaram lucros de R$ 79 bilhões, aumento de 41% em relação a 2017. Do total, três em cada quatro empresas lucraram em 2018.

O crescimento anêmico do PIB (o Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país) de 1,1% em 2018 não explica o crescimento dos lucros das empresas. Uma outra e melhor explicação está no que o Valor chama de “melhorias operacionais colocadas em prática a partir do início da recessão econômica“. Em bom português, “melhorias operacionais” pode ser traduzida como demissões, rebaixamento de salários e precarização. E para 2019, em meio a sucessivos rebaixamentos na expectativa de crescimento econômico, o prognóstico é de continuidade no aumento dos lucros.

O que nos leva ao recente dado divulgado pelo IBGE sobre o desemprego no final de março, ilustrado pelas imagens da fila de desempregados na capital paulista. Levantamento do instituto mostra que o desemprego cresceu de 11,6% para 12,4% entre o trimestre de dezembro e fevereiro último, totalizando 13,1 milhões de pessoas desocupadas segundo o critério do órgão.

Um número mais próximo ao real de pessoas sem emprego no Brasil, no entanto, é o de “população subutilizada”, aqueles que não tem emprego, ou que trabalham menos de 40h semanais, além dos que querem trabalhar, mas não conseguem procurar emprego. Desde que o IBGE começou a levantar esse número, em 2012, fevereiro último registrou o maior índice: são 27,9 milhões de pessoas. Só para efeito de comparação, a Venezuela tem uma população de 32 milhões. Já o número de pessoas desalentadas, aquelas que simplesmente desistiram de procurar emprego, também teve recorde: 4,9 milhões de pessoas.

Isso mostra a falácia da reforma trabalhista, que iria gerar milhões de empregos segundo os seus defensores, e como a guerra social contra os trabalhadores, com demissões e desemprego em massa, vem sustentando os lucros dos patrões. A mesma mentira repetida com a reforma da Previdência, vendida como a grande solução para a crise econômica e o desemprego, mas que irá gerar mais pobreza, miséria e desemprego para garantir os lucros dos bancos.