A maior mobilização da história contra uma agressão imperialista aumentou a fratura entre os imperialismos, motivada por seus interesses de rapina. Esta divisão penetrou no interior da própria burguesia norte-americana. A crise aprofundada pela ação das massas coloca a possibilidade de derrotar Bush

A política armamentista do imperialismo norte-americano não pode ser entendida por fora da profunda crise da economia mundial e do controle da administração Bush pela camarilha militar-petroleira. Ainda que a face militar da pilhagem colonial estivesse sempre presente, prevalecia a guerra econômica pela abertura comercial nos países periféricos.
A ofensiva para aumentar a transferência de riqueza dos países semicoloniais, que conta com uma profunda unidade entre os EUA, França e Alemanha, começou a entrar em crise pela resistência das massas. As insurreições da Argentina e Bolívia e a crise na Venezuela são expressões regionais de um fenômeno mundial.
A dimensão da crise nos países imperialistas e a resistência das massas não criou as condições para que a economia norte-americana vislumbrasse uma recuperação no curto prazo.
Não obstante, para o imperialismo ianque não existe outra perspectiva que não seja aprofundar a guerra econômica na periferia do sistema, por isso, acelera a Alca, intervém na Colômbia e apóia a direita golpista na Venezuela.
Entretanto, se a “guerra econômica” dominou a cena política a partir do 11 de Setembro, o governo Bush avançou em dois sentidos que não podem ser analisados de forma separadas, quais sejam:
1) O fortalecimento da face militar desta ofensiva.
2) A insuficiência na transferência de riquezas para os EUA, via mecanismos econômicos do sistema, dá lugar a pilhagem.
Mas o outro lado desta face militar, que é uma das grandes fontes da instabilidade atual, é que um dos objetivos políticos da guerra também significa transferir parte de sua crise para as outras potências imperialistas, colocando-as a serviço da recuperação da economia americana, a partir da ocupação do Iraque e a militarização do mercado mundial do petróleo. Isto é assim porque a recessão nos três blocos imperialistas (EUA, Europa e Japão) implica que a retomada em um dos pólos somente virá como resultado do aprofundamento da crise nos outros.
No entanto, a combinação entre crise econômica e ação das massas em escala mundial, o aguçamento da divisão interimperialista e a crise de “legitimidade” da opção armada para a recuperação econômica, levou o governo Bush a se deparar com um quadro em que o custo político-econômico da guerra pode entrar em contradição com uma vitoria militar. A guerra não tem um objetivo em si mesmo, senão como parte dos objetivos político-econômicos que a determinam. A crise nestes objetivos coloca cada vez mais a possibilidade de uma derrota do governo Bush.

Post author João Ricardo Soares,
de São Paulo
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