Prefeito e governador tratam movimento de defesa do transporte público e pelo passe-livre como caso de polícia

A população já sabe que o prefeito de Recife, Geraldo Julio (PSB), é apenas uma marionete do governador Eduardo Campos (PSB). Mas agora ficou mais nítido que quem manda na capital pernambucana de fato é o governador. O 9º ato da Frente de Lutas pelo Transporte Público (FLTP), que aconteceu no último dia 18 de setembro, conseguiu desmascarar Geraldo.

 A atividade teve início na Escola Estadual Luiz Delgado, centro de Recife, e reuniu aproximadamente 150 pessoas na concentração. No trajeto foi ganhando mais participantes. O objetivo do protesto era chegar à prefeitura e entregar a pauta de reivindicações do FLTP. Para decepção de alguns, o prefeito montou um aparato militar semelhante ao do governo estadual.  Nas proximidades da prefeitura, os ativistas se depararam com uma barricada de PMs e guardas municipais. Além disso, o prefeito “socialista” liberou os funcionários da prefeitura e das escolas do centro de suas atividades diárias. Igual fez Eduardo quando suspendeu as aulas das escolas estaduais localizadas no centro. Tudo com o objetivo de desmobilizar o protesto.

Após a recusa do prefeito em receber os manifestantes, os presentes se dirigiram à Câmara de Vereadores. Da mesma forma, se depararam com outro aparato militar – ainda maior. Nesse momento, a polícia demonstrava intenções de atacar, mas preferiu esperar.

Repressão
Com a dispersão da manifestação, alguns grupos se dirigiram ao VEM (Vale Eletrônica Metropolitano). Um vigilante, por uma reação imprudente, puxou a arma contra os manifestantes, fato esse que iniciou um conflito.  A polícia então aproveitou o momento para agir conforme as orientações. Caçou literalmente os integrantes da passeata entre as ruas do bairro da Boa Vista como se fossem bichos e deu o mesmo tratamento na hora da prisão. O resultado foram 16 adolescentes presos na unidade de menores do estado sem nenhuma justificativa.

A tentativa de entregar a carta de reivindicação ao prefeito é uma luta antiga. No dia 8 de agosto o movimento ocupou a Câmara de Vereadores e, na negociação, ficou acordado uma audiência com o prefeito para receber as reivindicações. As promessas do presidente da Casa José Mariano, o senhor Vicente André Gomes (PSB), não foram cumpridas. A CPI do Transporte Público foi arquivada, a comissão de vereadores do passe-livre nunca se reuniu de fato e jamais foi marcada uma audiência com o prefeito, o que demonstra a falta de responsabilidade com a mobilidade urbana, tema este largamente utilizado nas campanhas eleitorais.

O que fica de certo no 9º ato da FPTP é que, assim como faz o governador, faz também o prefeito. E pior, o que o cotidiano dessas lutas mostra é que a criminalização dos movimentos segue em marcha acelerada. Fica mais claro que os casos como a repressão da greve dos rodoviários e dos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADIs) , feita pelo governador e prefeito respectivamente, não serão exceção.

Contudo, a expectativa é que as manifestações só irão parar quando as reivindicações forem atendidas. Os estudantes exigem, entre outras coisas, CPI dos Transportes Públicos, passe-livre e o fim da criminalização do movimento.