“Quem matou agora cala
É gente de grande escala
Fica zombando sem medo.

Enquanto o crime apavora
Esse assassino deflora
Uma JUSTIÇA de enredo.”

(Samuel Barrêto – Pedreiras-MA;
extraído de carta da família de Fernanda Lages)

A morte da estudante Fernanda Lages, encontrada em um canteiro de obras da futura sede do Ministério Público Federal no Piauí, na madrugada de 25 de agosto, em Teresina-PI, trouxe grande comoção social aos piauienses, que foram às ruas, nesta quarta-feira (26) exigir uma investigação policial séria no caso.

Poucos dias antes de apresentar o resultado das investigações, os delegados responsáveis pelo caso insistiam em dar ênfase na tese de suicídio, de que a jovem teria se jogado do último andar do prédio. As condições em que o corpo da jovem foi encontrado, com marcas de evidente espancamento – a partir das fotos apresentadas na imprensa local – e as contradições de informações sobre o caso, fizeram com que a postura da Polícia Civil fosse fortemente contestada pela opinião pública.

Com a pressão popular, o Ministério Público Estadual entrou nas investigações e, desde o início, os promotores que acompanharam o caso se mostraram firmes em afirmar que se tratava de um homicídio. E mais, que o crime teria envolvimento de um “figurão” da política local, mais especificamente do PMDB. Não demorou muito para que setores da imprensa passassem a falar da vida pessoal de Fernanda, tentando desqualificá-la,para assim, tentar diminuir a pressão popular, apostando na moral machista em que se ampara o capitalismo.

Os graves indícios de que as investigações foram feitas para “suicidar” a jovem fizeram com que os piauienses percebessem, com os próprios olhos, que a Polícia é machista, corrupta, e age de acordo com os interesses da classe dominante: acobertando, se necessário for, os figurões da elite local, e agindo com toda a violência contra os pobres que são acusados de crimes, bem como contra os movimentos sociais,.

“Quem matou Fernanda Lages?” é a pergunta que ainda vai perdurar enquanto as investigações – agora sob responsabilidade da Polícia Federal – não sejam feitas com o interesse necessário pelo aparato policial. Trata-se de um crime brutal, entre tantos outros casos de violência contra a mulher no Piauí, que não têm a devida investigação. Devido às falhas da investigação, o autor (ou autores) do crime estão cada vez mais distantes de qualquer punição. O caminho para elucidação do caso e punição aos culpados é continuar a mobilização da classe trabalhadora para exigir investigação pra valer, mesmo que para isso desmascare o caráter machista e segregador por parte da Polícia e da Justiça, outro pilar também corrupto do Estado sob o capitalismo.

O fato é que casos como o de Fernanda,em que o machismo chega ao mais bárbaro da violência,acontecem todos os dias nas periferias de nossa capital,com mulheres trabalhadoras negras e pobres,mas para a mídia burguesa não é importante denunciar já que isso não gera audiência.

O PSTU denuncia que o caso de Fernanda não é isolado. Ela é mais uma entre tantas mulheres que sofrem com uma moral que nos coloca como um objeto, e uma sociedade que nos impõe a realidade de não podermos decidir sobre nosso corpo e a nossa vida. Uma realidade que é mais dura e cruel com àquelas mulheres que além de oprimidas,são exploradas.

Por uma investigação efetiva!
Não à violência contra a mulher!