NA FRANÇA, TRABALHADORES ESTÃO EM PÉ DE GUERRA EM DEFESA DA PREVIDÊNCIA E DOS SERVIÇOS PÚBLICOS. LUTA ESTÁ SE ESPALHANDO PARA OUTROS PAÍSES DA EUROPA

Depois das grandes mobilizações contra a guerra, a Europa é palco de uma onda de lutas operárias, que abarca vários países, em defesa das aposentadorias, do emprego e dos serviços públicos.

Uma ofensiva contra as conquistas operárias do pós-guerra…

Distintos governos europeus estão realizando uma dura ofensiva contra os trabalhadores, centrada no corte de direitos históricos que foram conquistados nos últimos cinqüenta anos. As chamadas contra-reformas da Previdência (França, Alemanha, Áustria e Itália) passando pelos severos cortes no auxílio-desemprego (Alemanha, Espanha) além de intensificarem as privatizações, avançam na retirada de direitos trabalhistas facilitando as demissões (Itália, Alemanha, Espanha).

…e uma forte resposta da classe trabalhadora

Mas a resposta não se fez esperar. Desde princípios do ano passado, as mobilizações se espalham como um rastilho de pólvora por toda a Europa. Além das greves gerais na Itália e Espanha no ano passado, agora foi a vez da Áustria deixar para trás anos de “paz social” e realizar a maior greve geral dos últimos 50 anos e uma manifestação de 500 mil contra o aumento do tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria (de 40 para 45 anos).

França volta ao centro

O epicentro da atual onda de lutas é a França. Como em 95, o resultado das mobilizações tende a influenciar a resposta operária em outros países e a postura dos governos.

Os ataques de Chirac e do primeiro-ministro Zaffarin vão além da contra-reforma da Previdência, que aumenta o tempo de contribuição e habilita os fundos de pensão.

A aplicação da Lei de Descentralização pretende fragmentar os serviços públicos de responsabilidade do governo central, como Educação e Saúde, e também das empresas públicas de transporte, gás e eletricidade.

Diferente do Brasil, onde as multinacionais européias fizeram a festa nas privatizações, na França e na maioria da Europa, é o Estado que presta os serviços públicos. As grandes mobilizações e a onda de greves no ensino e nos transportes no início de junho são a resposta a esta ofensiva privatizante que cortará milhares de empregos.

Generalização das lutas

A esta ofensiva do governo, o movimento operário tem respondido com uma onda de manifestações e greves liderada pelos professores, funcionários de escola e ferroviários.

A luta também se estende às grandes empresas privadas, que incorporam suas próprias reivindicações (o fim da Lei Balladour que aumentou de 37 para 40 anos o tempo mínimo de contribuições para a Seguridade), e à juventude, parte ativa na luta contra a descentralização da Educação.

A exigência de uma Greve Geral que unifique o movimento e coloque o governo em xeque já se converteu em um clamor. Mas até agora, as grandes centrais sindicais CGT e FO (Força Operária) e os partidos majoritários da esquerda (PS e PCF) querem limitar a luta à exigência de que o governo “abra negociações” e discuta ponto a ponto a contra-reforma.

Uma agressão em escala européia que exige uma resposta continental

Com diferentes ritmos, a classe trabalhadora e a juventude na França, Áustria, Alemanha, Itália e Espanha vêm demonstrando disposição de defender firmemente suas conquistas sociais, atacadas em todo o continente.

Neste contexto, seria coerente que a Confederação Européia de Sindicatos (CES), organização que congrega as principais centrais sindicais da Europa, convocasse uma mobilização unificada em escala continental.

No entanto, uma vez mais a burocracia da CES mantém as mobilizações encerradas dentro das fronteiras nacionais, dispersando a combatividade e energia dos trabalhadores. O ataque dos governos é realizado de forma simultânea e unificada. E exige uma ação unificada de toda a classe trabalhadora.

A União Européia, reivindicada como um “modelo de integração” por setores da esquerda mundial e brasileira, mostra sua verdadeira cara: união de governos capitalistas retirando conquistas históricas dos trabalhadores.

Post author Teo Navarro,
do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Espanha)
Publication Date