A hostilidade entre os EUA e o Irã está crescendo a olhos vistos. Nos últimos dias se intensificaram as denúncias de que o governo Bush estaria preparando um ataque contra a república islâmica. No último dia 15, Hillary Mann, ex-diretora do Conselho Nacional de Segurança para Assuntos Iranianos e do Golfo Pérsico do governo Bush entre 2001 e 2004, declarou em uma entrevista à CNN que o governo Bush “quer impulsionar um conflito provocador e acidental”, como pretexto para justificar “ataques limitados” contra infra-estruturas nucleares e militares contra o Irã.

Diversos blogs e sites de opinião independentes falam sobre duas hipóteses para o ataque. A primeira seria um iminente e surpreendente ataque militar americano. A segunda hipótese seria um ataque unilateral israelense, semelhante ao que houve contra o reator nuclear iraquiano Osirak, em 1981.

Nesse momento os porta-aviões norte-americanos Eisenhower e o John C. Stennis estão posicionados próximos à costa do Irã. Às vezes eles chegam à distância de tiro da cidade portuária de Bushehr, que supostamente possui uma instalação nuclear. “Não deve ser uma sensação boa para os iranianos“ , diz o almirante Michael Miller, comandante do grupo de ataque do porta-aviões USS Reagan.

As ameaças do imperialismo contra o Irã correspondem a uma situação bastante complicada. Os EUA estão metidos num pântano no Iraque, o que num primeiro momento impediu Bush de tomar uma medida de força militar contra o Irã.

Além disso, a sustentação do atual governo fantoche iraquiano depende em boa medida da colaboração do regime iraniano para apoiar o governo títere do primeiro ministro, Nuri al Maliki, dirigido pelas forças xiitas, entre elas, aliados respaldados pelo governo do Irã, como o Conselho Supremo da Revolução Islâmica.

Mas a crescente ação da resistência iraquiana contra a ocupação colonial do Iraque coloca no horizonte a possibilidade de uma derrota militar do imperialismo. Algo que seria terrível para o imperialismo. As últimas informações mostram que a resistência está se fortalecendo, a despeito dos bárbaros ataques desferidos pelos ocupantes. Uma mostra disso é que os EUA vêm perdendo helicópteros a um ritmo de um por semana, derrubados pelas armas antiaéreas da resistência.

O desgaste de Bush aumenta ainda mais perante a avalanche de denúncias de corrupção. No último dia 16, um importante auditor do Pentágono disse ao Congresso que US$ 10 bilhões em contratos da Defesa para reconstrução do Iraque e apoio às tropas foram excessivos ou não documentados, incluindo US$ 2,7 bilhões em contratos com a Halliburton, que já foi dirigida pelo vice-presidente dos EUA.

Atualmente há uma divisão da burguesia ianque, com todo um setor defendendo a negociação com o Irã. Entretanto, Bush reage de forma ofensiva, acenando com a possibilidade de ataque ao país.

Para pavimentar esse caminho, Bush poderia apelar para ações provocativas ou fabricar “evidências” de que o Irã possui “armas de destruição em massa” ou de que vem apoiando a resistência contra a ocupação. Um velho filme já visto para justificar a ocupação do Iraque.

Massacres em nome da democracia

A cada dia aumentam as suspeitas de que as tropas de ocupação promoveram um verdadeiro massacre no mês passado em Najaf, no qual 263 pessoas foram mortas e outras 210 ficaram feridas. De acordo com os jornais iraquianos, o que ocorreu foi um enfrentamento entre a tribo xiita Hawatim, que estava numa peregrinação a Najaf depois que seu chefe, Hajj Sa´ad Nayif al-Hatemi, e sua esposa, foram mortos em um posto de soldados do exército iraquiano. A tribo, que seguia armada porque viajava durante a noite, atacou o posto de controle para vingar a morte de seu chefe.

Os soldados e os policiais do posto comunicaram a seus comandantes que estavam sendo atacados por efetivos da resistência. Em seguida, chegaram helicópteros dos EUA e teve início um intenso bombardeio contra a tribo. A versão oficial propagada aos quatro ventos é de que as tropas coloniais impediram um “massacre terrorista” contra civis iraquianos.

Fora Bush!

Entre os dias 8 e 9 de março, o senhor da guerra estará em visita ao Brasil. É hora de todos saírem às ruas contra a ação criminosa do imperialismo no Iraque, gritando o “fora Bush” do Iraque e da América Latina. Vamos às ruas exigir também a retirada das tropas brasileira do Haiti, que hoje promovem uma vergonhosa ocupação colonial a serviço do imperialismo norte-americano.