Redação

Todos sabem que o quadro da destruição ambiental no país – mais do que desolador – é alarmante. A última triste prova disso veio com os recentes dados sobre a destruição da floresta amazônica. O Deter, sistema de detecção de desmatamento em tempo real, do INPE, identificou a destruição de uma área de 3.235 km2 de floresta amazônica entre agosto e dezembro de 2007, período em que, em tese, o ritmo do desmatamento costuma diminuir.

No entanto, o sistema identifica aproximadamente 40% do que seria o desmatamento de fato. Uma estimativa a partir dos dados do Deter mostra que pelo menos 7 mil km2 de floresta foram destruídos no segundo semestre de 2007. Isso equivale a 4,5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

A divulgação foi um balde de água fria no discurso do governo. Até então a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, gabava-se dos índices que mostravam uma redução do desmatamento nos últimos três anos. Contudo, isso não significava uma redução real do desmatamento na região. Só pra constar, até 2006, aproximadamente 17% da floresta amazônica foi destruída. Algo que mostra, no mínimo, a falácia das supostas medidas de combate a destruição ambiental na região, como o Plano Nacional de Controle e Combate ao Desmatamento do governo Lula. O pior é que a destruição tende a aumentar ainda mais. Especialistas alertam que 2008, como é ano eleitoral, vai ocorrer uma diminuição da fiscalização e, consequentemente, da punição dos responsáveis pelo desmatamento.

O crescimento do desmatamento está ligado ao aumento dos preços internacionais da soja e do milho, além da mais completa falta fiscalização e impunidade. Ávidos em vender soja para a China e milho para a produção de biocombustíveis nos EUA, os empresários agronegócio vêm transformando rapidamente a região. A densa floresta de antes dá lugar a um cenário desolador de queimadas e pastagens. Além do plantio de soja e milho, as áreas desmatadas também são usadas para criação de gado.

Governo aliado aos responsáveis pela destruição
O desmatamento da Amazônia representa atualmente 70% das emissões brasileiras de gases que provocam o aquecimento global. Essa destruição é praticada por aliados do governo federal. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, partidos aliados do governo, como PR e PMDB, além do próprio PT, governam 81% dos municípios campeões de desmatamento.

A escalada da destruição ambiental também joga luz no papel que cumpre a ministra Marina Silva. Sua nomeação foi uma medida cosmética para atrair a simpatia dos ativistas da causa ecológica em todo o mundo. Para isso se utilizou do seu currículo, inclusive da sua luta com Chico Mendes.

Mas Lula só fez defender os interesses de grandes inimigos da causa ecológica: a burguesia agro-exportadora, latifundiários e representantes de multinacionais. Foi no atual governo que os transgênicos foram liberados no país e que se firmaram acordos que beneficiam o agronegocio. Foi aprovado o projeto de Gestão de Florestas Públicas para a Produção Sustentável, que significa a privatização de áreas públicas da Amazônia. E, apesar dos protestos aqui e na Bolívia, o governo aprovou a construção das duas usinas do Rio Madeira, em Rondônia, que irão provocar graves danos ambientais na região.

Da devastação amazônica uma conclusão deve ser tirada pelos ativistas ambientais: este governo nunca esteve preocupado em deter a destruição ambiental. Ao contrário, se postou ao lado do capital e assumiu a sua lógica destrutiva.