A Comissão Pastoral da Terra divulgou, no último dia 15, em Brasília, a versão 2007 do relatório anual sobre conflitos no campo: o estudo divulga violências praticadas contra comunidades rurais e organizações de luta pela terraApesar de o número de ataques e assassinatos contra trabalhadores rurais ter registrado uma pequena queda, outras formas de violência crescem no campo. Em 2006, foram registrados 761 conflitos, número que baixou para 615 em 2007. Foram contabilizados ainda 25 assassinatos no ano passado contra 35 em 2006. No entanto, o número de famílias expulsas da terra por fazendeiros aumentou 140%, contabilizando 4.340 famílias. O número de pessoas ameaçadas de morte também aumentou, de 207 para 259.

Os dados mostram que o campo está longe de ser um lugar pacífico. A ocorrência de trabalho escravo aumentou de 262 em 2006 para 265. Os casos de superexploração no campo e desrespeito trabalhista também aumentaram, de 136 casos para 151. Os dados apontam que, ao contrario do que possa parecer, a violência contra os trabalhadores praticada no campo não diminuiu.

Avanço do Etanol
O relatório aponta o avanço da monocultura para a produção do Etanol como o grande responsável pelo aumento dos casos de superexploração e escravidão. Hoje, já são mais de 363 latifúndios destinados à produção de cana-de-açucar para a produção de biocombustível. Segundo o relatório, a política do governo Lula, de incentivo ao Etanol é “uma ameaça à agricultura camponesa e familiar e à segurança alimentar, pois promove a concentração da terra e amplia a área dos monocultivos”.

A CPT divulga ainda que 52% dos trabalhadores libertados pelo Grupo Móvel do Ministério do Trabalho em condição análoga à escravidão forma encontrados em usinas do setor sucroalcooleiro. Os novos “heróis” de Lula se enriquecem a custa do trabalho escravo. Os antigos “coronéis” do campo estão dando lugar às grandes multinacionais do monocultivo de exportação.

Segundo a coordenação nacional da CPT, “os dados que apresentamos vêm mostrar que a tão decantada ‘modernização da agricultura brasileira, é caracterizada pela reprodução das formas arcaicas de exploração e dominação dos trabalhadores´… que existem inclusive ‘no estado mais desenvolvido, São Paulo, onde as pesquisas científicas e tecnológica são as mais desenvolvidas”.

  • Leia os principais dados do relatório da CPT