Os advogados do Instituto José Luis e Rosa Sundermann do PSTU receberam um comunicado da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDHH), da Organização dos Estados Americanos, informando que o governo brasileiro terá dois meses de prazo para apresentar dados concretos sobre o assassinato do casal de militantes do PSTU, assassinado em 12 de junho de 1994.

A petição foi o resultado da denúncia encaminhada pelos advogados – representando Raquel Sundermann, filha de Rosa e Zé Luis – diante da ausência de investigações ou indicação de qualquer culpado pelo crime.

Um crime encomendado
O brutal assassinato do casal ocorreu em São Carlos (SP). O primeiro a ver os corpos foi o filho deles, Carlos Eduardo, o Duda, que, em abril de 1998, foi encontrado morto próximo a uma cachoeira da região.

Todas as características do crime e a enorme covardia com a qual ele foi cometido indicam a ação de assassinos frios e calculistas – que invadiram a casa durante a madrugada, sem roubar absolutamente nada -, o que reforça os muitos indícios de que a morte dos nossos companheiros foi encomendada pelos poderosos da região.
José Luís era diretor do Sindicato dos Servidores da Universidade Federal de São Carlos. Rosa era dirigente da Convergência Socialista e, exatamente uma semana antes de ser assassinada, no congresso de fundação do partido, havia sido eleita para a Direção Nacional do PSTU.

Ambos sempre foram muito ativos em todas as lutas sociais e mobilizações dos trabalhadores da região, enfrentando-se diversas vezes com os interesses dos poderosos. Exemplo disto, foi a atuação deles na greve dos cortadores de cana da Usina Ipiranga de Açúcar e Álcool, em agosto de 1990.

Não temos dúvidas, que eram exatamente estes ricos e poderosos – apoiados na sua crença de permanente impunidade – que tinham interesse na morte dos companheiros.

A incapacidade da polícia para resolver o crime
Como também não temos dúvida da “incapacidade” da polícia em apontar os culpados. A própria Plicia Civil da região admitiu que não tinha como chegar à resolução do crime e pediu reforços. O inquérito chegou a ser enviado para a delegacia especializada, mas até hoje as investigações não foram concluídas.

No decorrer do processo, entidades dos movimentos sociais se empenharam em demonstrar o caminho que levaria aos culpados. Os advogados Idibal Almeida Piveta e Sandro Luís Fernandes, por exemplo, entre julho e novembro de 1994, solicitaram acareações e diligências que nunca foram feitas ou, então, foram realizadas parcialmente.

A policia sempre se recusou a seguir a linha de investigação apontada pelo movimentos sociais. Agora, com denúncia na CIDHH, e a possível punição do Estado brasileiro talvez seja feita, ainda que parcialmente, a justiça. Um objetivo pelo qual continuaremos lutando, sempre!