A absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros, provocou indignação e reafirmou o caráter corrupto das instituições. Porém, se os corruptos permanecem impunes, os corruptores nem mesmo são julgados. A empreiteira Mendes Júnior, pivô do escândalo envolvendo o senador, desapareceu completamente dos noticiários e não é investigada. E esse filme já foi visto no escândalo do mensalão.

Isso ocorre, pois são as grandes empresas, banqueiros e empreiteiras que comandam o jogo por debaixo dos panos. Uma breve pesquisa no portal do Tribunal Superior Eleitoral sobre os doadores das últimas campanhas eleitorais prova que são as mesmas empresas que financiam os parlamentares, sejam da oposição, sejam da base do governo. A mesma Mendes Júnior, cujo lobista pagava as contas de Renan, financiou a campanha do senador José Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores que pediu a cassação do presidente do Senado.

Segundo o TSE, o senador recebeu R$ 75 mil da empreiteira durante a campanha eleitoral de 2006. A Mendes Júnior não faz distinção entre partido governista e de oposição. Financiou a campanha do atual governador da Paraíba, o tucano Cássio Cunha. Também doou para a campanha do presidenciável Aécio Neves, entre outros políticos.

O senador petista Tião Viana, que comandou a sessão de absolvição de Calheiros, tem por trás de sua campanha grandes empreiteiras e madeireiras. Uma das maiores financiadoras de seu comitê é a Aracruz Celulose, que, aliás, despejou verdadeiras fortunas nas contas de inúmeros candidatos. Também a CSN contribuiu para a campanha do petista. Foram pelo menos R$ 125 mil.

Como se vê, por trás da impunidade há grandes empresas e empreiteiras que, longe do desgaste do Senado, podem substituir seus candidatos nas próximas eleições e continuar ditando as regras do jogo.

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