As pesquisas sobre a queda da popularidade do governo demonstram que a crise política, aberta pelo caso Waldomiro Diniz, ganhou nos últimos dias uma extensão inaudita. Mesmo os partidos da oposição burguesa (PSDB–PFL), depois de fazer muita marola sobre a crise, visando as eleições municipais, não esperava um resultado superior as suas expectativas iniciais.

As denúncias de corrupção, envolvendo funcionários e ex-assessores de governos e administrações petistas, não param. O Ministério Público Federal denunciou, além de Waldomiro e Buratti, o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, sob a acusação de vários crimes na renovação do contrato da CEF com a GTech. Segundo o Ministério Público, a renovação desse contrato garantiu R$ 650 milhões a GTech, causando um prejuízo de R$ 40 milhões a CEF. O governo, auxiliado por aliados burgueses como Sarney, tenta inviabilizar a instalação da CPI.
Na rasteira desses escândalos, somam-se as queixas de alguns setores da burguesia, insatisfeitos com os baixos índices de crescimento econômico e juros altos. Os setores ligados à exportação, como o agro-negócio e as montadoras, continuam lucrando horrores. Sem falar dos banqueiros.

No entanto, a presente crise não está associada somente à corrupção ou a insatisfação de alguns setores da burguesia. Também está relacionada à crescente insatisfação social da classe trabalhadora. A esperança depositada por milhões de trabalhadores no governo Lula se transformam em poeira diante dos índices de recessão, desemprego e arrocho salarial (veja quadro). Segundo as pesquisas, 53% da população acham que o governo está no caminho errado, e sua popularidade já registra queda de 12 % desde dezembro do ano passado.

Essa queda da popularidade demonstra que não existe nenhum laço indissolúvel entre as massas e o governo petista. A falta de confiança no governo atinge, cada vez mais, setores de massa da classe trabalhadora. Não é a toa que milhares greves e lutas começam a pipocar por todo o país, como as mobilizações dos servidores públicos e dos professores da rede estadual contra o arrocho salarial. A temperatura promete também esquentar no campo e nas cidades com nova onda de ocupações.

É hora de unificar essas lutas por emprego salário e terra; contra as reformas neoliberais e pela ruptura com FMI e a Alca. A CUT governista estará freando as lutas. Por isso, devemos construir uma oposição de esquerda contra esse governo. Nesse sentido foi organizada a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), que surgiu no Encontro Nacional Sindical contra a reforma Sindical e Trabalhista. Nos próximos dias serão reproduzidos vários encontros nos estados.

Post author Jeferson Choma, da redação
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