No dia 1º de abril, explodiu a greve nacional dos trabalhadores dos Correios, que exigia do governo Lula, do ministro das Comunicações, Helio Costa, e do presidente da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), Carlos Henrique Custodio, o cumprimento do acordo assinado em novembro de 2007. Ele garantia o pagamento de um abono de periculosidade no valor de 30% do salário em dezembro, janeiro e fevereiro. Após esse período, passaria a ser incorporado ao salário. O abono, porém, não foi incorporado.

Indignação
O estopim para a greve ocorreu quando o presidente da ECT afirmou que a empresa não cumpriria o acordo. A greve já havia sido encaminhada na plenária nacional dos dias 17 e 18 de março. Os delegados votaram que, se a empresa não pagasse o adicional de risco no dia 31, a greve seria imediata.

Outro elemento que causou a greve foi a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) que a empresa antecipou para março, com o intuito de enganar os trabalhadores. Só que, enquanto os trabalhadores receberam em média R$ 300 e R$ 400, o presidente e os diretores regionais receberam de R$ 44 mil a R$ 54 mil.

A forte greve fez com que, tanto o governo quanto a direção da empresa e o ministro “baixassem a bola” e voltassem atrás da posição de não pagar o adicional de risco. O governo afirmou que o abono será pago por mais três meses, tornando-o definitivo a partir de junho.

Traição
Durante três meses, a maioria da direção da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) não moveu uma palha para que fosse realizada a discussão da regulamentação do adicional de risco. Sempre que questionada pela Oposição Nacional da Conlutas, diziam que o acordo estava garantido e que o governo não iria descumprir o que tinha assinado.

A oposição sempre desconfiou do governo, que tem descumprido diversos acordos assinados com os servidores federais, o que também poderia acontecer nos Correios. Explicávamos aos trabalhadores que o adicional de risco ainda tinha de ser confirmado nos holerites de março. Ao longo dos três meses, a expectativas dos carteiros era pela confirmação de sua incorporação aos salários.

Mais uma vez, a maioria da Fentect cumpriu o papel de blindar o governo e trair a luta da categoria. Chegaram ao cúmulo de escrever num informe da Federação que o ministro das Comunicações é parceiro dos trabalhadores. Afirmaram que, se perdêssemos este apoio, tudo iria por água abaixo. Com isso, passaram a articular o fim da greve nacional da categoria.

Post author Geraldo Rodrigues, de São Paulo (SP)
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