Com o fim da greve no Rio Grande do Sul, foi encerrada a campanha salarial dos trabalhadores nos correios, que conquistou: reajuste salarial de 9% dividido em duas parcelas de 6% a partir de 1 de agosto de 2006 e 3% a partir de 1 de março de 2007; isonomias para os trabalhadores contratados depois de 1996, que passam a ter direito ao anuênio e à gratificação de férias, que passa de 33% para 70%; não foi levado a efeito o ataque na assistência médica e um abono de R$ 800,00; e um talão extra de vale refeição no valor de R$ 345,00.

Este resultado é expressão de uma vitória da mobilização dos trabalhadores, mas com um sentimento amplamente majoritário de que era possível conquistar mais, se não fosse a traição da maioria dos sindicatos, FENTECT e CUT, que sempre se colocavam na defesa do governo Lula e da direção dos Correios.

Desde o inicio da campanha, a direção majoritária do movimento PT e PCdoB não queriam fazer a campanha salarial. O calendário com a data indicativa da greve foi uma imposição da oposição ligada à Conlutas e da própria base destas correntes governistas, no IX Contect, realizado em junho.

Ao longo da campanha, quem efetivamente tomou a campanha nas mãos foi a oposição, que junto com o ativismo de base garantiu a campanha. Não havia agitação, reuniões setoriais, sequer o jornal com a pauta o sindicato de São Paulo distribuiu.

Isso não impediu assembléias massivas como a do dia 13 de setembro em São Paulo, com mais de 3 mil trabalhadores, sem que o sindicato tivesse distribuído na base a convocação ou dado informes sobre a greve que atingiu sindicatos importantes como RS, PE, BSB, CE, GO/TO, AM, MG e ES.

Na assembléia em São Paulo, os sindicalistas da CUT fizeram uma confusão generalizada para aprovar o acordo e tomaram uma chuva de sabugo de milho, bola de papel e lata de refrigerante. Na greve, seus representantes no comando não atuaram para expandir a greve, mas, como disse o Marquinhos do SINTECT/RJ e do PCdoB ao presidente dos Correios, “a maioria do Comando lamentava o fato de vários sindicatos terem decidido rejeitar a proposta e entrar em greve, mas que eles estavam fazendo de tudo para acabar com a greve e conseguir que a maioria dos sindicatos aprovassem a proposta até sexta, dia 15 de setembro e que continuava defendendo a proposta da Empresa na íntegra”.

O saldo da campanha aprofundou a revolta com a FENTECT e a CUT na base e o processo de reorganização na categoria. Conscientes disso, os trabalhadores em São Paulo transformaram a palavra de ordem da campanha “um bom salário faz falta” em “uma direção comprometida com os trabalhadores faz falta no sindicato”.